Olimpíada: apesar do Japão não ter sido muito afetado pelo coronavírus, realização dos Jogos pode ser comprometida por ter que receber atletas do mundo todo (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 16 de março de 2020 às 13h37.
"Não podemos sacrificar vidas humanas por isso": diante da pandemia do coronavírus, os japoneses estão cada vez mais céticos em relação à necessidade de se disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, entre julho e agosto, custe o que custar.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, garantiu novamente no sábado (14) que Tóquio sediará os Jogos como previsto, apesar das dúvidas crescentes devido à propagação do Covid-19, que já causou a anulação de diversos eventos esportivos no mundo.
O Japão sofre relativamente com poucos casos de infectados por coronavírus, com 814 casos de contágio e 24 falecimentos registrados. Os habitantes de Tóquio, porém, começam a mostrar um certo receio com a iminente chegada de visitantes estrangeiros para os Jogos.
"Mesmo se o Japão conseguir dar a volta por cima nesta crise, não deveríamos receber visitante do mundo inteiro", ponderou Koki Miura, de 27 anos, funcionária de uma empresa de serviços de internet, entrevistada pela AFP nesta segunda-feira (16) nas ruas de Tóquio.
"Acredito que seria preferível deixar (a pandemia) passar", completou, sugerindo um adiamento dos Jogos ao invés do cancelamento do evento. "Não podemos sacrificar a vida das pessoas por isso".
"Pessoalmente, acredito que seria melhor adiar os Jogos por um ano, como sugere o presidente (dos Estados Unidos) Trump. Olhem o pânico atual", afirmou Masao Sugawara, um aposentado entrevistado pela AFP.
"Com exceção da guerra, nunca havia estado tão preocupado", completou este idoso de 90 anos, completando, porém, que um adiamento dos Jogos seria "decepcionante".
Em uma enquete com 1.000 participantes publicada nesta segunda-feira pela agência de notícia japonesa Kyodo, 69.9% das pessoas indagadas afirmaram não acreditar que Tóquio poderia sediar os Jogos nas datas previstas (24 de julho-9 de agosto).
Outra enquete da emissora pública NHK realizada entre 6 e 9 de março indicou que 45% dos japoneses se opõe à realização dos Jogos e 40% são a favor.
A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, declarou na semana passada que o cancelamento dos Jogos era algo "impensável".
A decisão final será responsabilidade do Comitê Olímpico Internacional (COI), que planeja seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O presidente do COI, Thomas Bach, analisará a situação na terça-feira (16) em videoconferência com as federações esportivas internacionais, revelaram no domingo (15) diversas fontes à AFP.
No início do mês, Bach afirmou que o COI mostrará "flexibilidade" com as classificações dos atletas para os Jogos e incentivou a todos a "continuar se preparando" para competir em Tóquio.