Festivais de música: os ingressos vitalícios dão acesso a shows que ainda não têm data. (Hannah Carvalho/Divulgação)
Matheus Doliveira
Publicado em 5 de julho de 2021 às 14h21.
Os chamados tokens não fungíveis, ou simplesmente NFTs, chegaram com força no mundo da arte e movimentaram incríveis 2 bilhões de dólares só no primeiro trimestre de 2021. O montante é 20 vezes mais do que o arrecadado no último trimestre de 2020 e 131 vezes maior em relação ao mesmo período do ano passado.
A premissa dos NFTs, no caso do mercado das artes, pode parecer estranha à primeira vista. Através de leilões que movimentam rios de dinheiro, potenciais compradores competem unicamente pelo direito de poder dizer que uma obra digital é sua, mesmo que outras pessoas possam ter livre acesso à imagem ou bem comprado.
No Brasil, sites especializados na comercialização de NFTs estão popularizando o modelo criado nos Estados Unidos, mas também estão inovando no conteúdo do que é ofertado.
Da arte aos times de futebol, a novidade da vez no mercado de NFTs brasileiro são os ingressos vitalícios.
O coletivo Atroá, formado pelos organizadores dos festivais de música brasileira Bananada (GO), Coquetel Molotov (PE) e DoSol (RN), estão colocando à venda um CryptoPass em parceria com o site de NFTs Phonogram.me.
Mesmo sem data para o retorno dos festivais, 100 NFTs que dão acesso vitalício aos shows promovidos pelo trio estão sendo leiloados a um lance mínimo de 1500 reais. Segundo os 3 organizadores, a média de um ingresso individual gira em torno de 300 reais.
Dos 100 CryptoPasses disponibilizados no leilão, 15 já foram vendidos pelo lance mínimo.
Houve ainda um CryptoPass especial acompanhado de uma obra de arte em 3D criada pelo coletivo Rosabege com trilha sonora composta por Benke Ferraz e Anderson Foca, além de cartazes criados pelos artistas visuais Maria Eugênia Franco e Caio Vitoriano. O chamado ingresso número 1 foi leiloado por 10 mil reais.
Os NFTs leiloados não são nominais e podem ser revendidos por quem os adquiriu, já que a plataforma de leilões nunca fecha. O ingresso vendido por 10 mil reais, por exemplo, já recebeu lance de 60 mil reais para ser revendido. Segundo os organizadores, essa é a primeira iniciativa do tipo envolvendo NFTs da América Latina.