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Netflix vai virar TV tradicional? Plataforma testa grade fixa na França

O novo canal se chama Direct e vai exibir a mesma grade para todos os usuários do canal, no mesmo horário. A novidade pode chegar ao Brasil?

 (Mike Blake/Reuters)

(Mike Blake/Reuters)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 08h37.

Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 13h22.

Imagine acessar a Netflix e encontrar a seguinte programação: O Gambito da Rainha, 17h; Suburra, 18h; Eu, Tu e Ela, 18h50; Amor e Anarquia, 19h30. A mesma grade, para todos que acessarem o canal no mesmo horário, como um bom e velho canal de TV tradicional. Como a TV Globo.

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É esse o recurso que a rede de streaming mais acessada do mundo começou a oferecer no dia 5 de novembro na França. Esse novo canal se chama Direct e reproduz um feed programado de todo o conteúdo disponível na plataforma. O canal pode ser acessado apenas pelo site do canal, e não pelo aplicativo.

O serviço está disponível apenas para assinantes da Netflix. Nesse canal serão exibidos filmes e séries produzidos na França, nos Estados Unidos e em outras regiões, dentro do feed da plataforma.

Por que a Netflix, que ganhou escala ao popularizar o serviço de streaming, em que cada usuário pode ver o que quiser na hora que bem entender, está se voltando para o formato tradicional? Bem, o que pode ser uma vantagem também pode ser fonte de angústia.

“Na Netflix, estamos sempre buscando melhorar a experiência do consumidor: seja nas melhores maneiras de descobrir programas, seja em novos formatos pioneiros como TV interativa, controles dos pais de alta qualidade ou nossa linha Top 10 dos programas mais populares”, afirmou em comunicado Emily Grewal, gerente de produtos na Netflix, no site francês da plataforma.

Segundo Grewal, assistir à TV tradicional na França continua muito popular entre as pessoas que querem apenas uma experiência relaxada, onde não precisam escolher programas. “Então, estamos testando um novo recurso para nossos membros na França chamado Direct. Talvez você não esteja com vontade de decidir, ou apenas queira ser surpreendido por algo novo e diferente.”

O comunicado segue. “Direct é uma experiência baseada na web que é a mesma para todos que assistem: um serviço em tempo real que oferece aos nossos membros na França alguns dos melhores conteúdos franceses e europeus sobre o serviço, de Family Business a La Casa de Papel, The Crown a Unorthodox. Em vez de escolher o que assistir, você só quer começar a assistir.”

No formato que a consagrou, a Netflix conta com a ajuda de algoritmos para sugerir conteúdos relacionados ao gosto do usuário. Mas talvez o modelo não sirva para todos.

Por enquanto o serviço estará restrito à França, mas pode ser expandido a outras regiões de acordo com a audiência. Será que o canal tem chances de chegar ao Brasil? Por aqui, a audiência em TV aberta ainda é enorme: cerca de 80 milhões de pessoas.

O Brasil também é o país da novela. Tanto que até a Netflix já mostra interesse em investir na teledramaturgia consagrada pela TV Globo. De acordo com o site Na Telinha, pouco antes da pandemia a plataforma estava em negociações para contratar um autor de peso e investir em novelas brasileiras originais.

De acordo com o site, a rede retomou a ideia e está analisando formatos. Uma coisa parece certa: as novelas da Netflix teriam um limite de 80 capítulos, cerca da metade de uma produção da Globo. A experiência de Coisa Mais Linda parece ter agradado. Apesar de ser uma série, tem todas as características de um folhetim.

Outro motivo para a Netflix testar novos formatos é a concorrência global. Por aqui, o Disney + chegará no próximo dia 17 de novembro, com conteúdos da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic. Também já está fechando diversas parcerias, inclusive com a Globoplay.

Outros players começam a incomodar, como o Facebook. A rede social tem adquirido nos últimos dois anos direitos sobre boa parte dos jogos da Champions League e um pacote da Libertadores. Claro, estamos falando aqui de esportes. Mas também de entretenimento. Todas as plataformas, no fim, brigam pela mesma coisa: o tempo do espectador.

 

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