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Naomi Osaka: o retorno da tenista que chamou a atenção do mundo sobre saúde mental

Mais madura e recuperada, Naomi Osaka promete um show dentro das quadras e uma briga de alto nível pelo título no Australian Open

Naomi Osaka: tenista japonesa. (Elodie SOINARD/AFP)

Naomi Osaka: tenista japonesa. (Elodie SOINARD/AFP)

Publicado em 13 de janeiro de 2024 às 08h01.

É cada vez maior o número de atletas que mostram que ser mãe não significa encerrar uma carreira esportiva de alto nível: no Australian Open, que começa no domingo, 14, (no Brasil é na noite de sábado por conta do fuso horário) é a vez de Naomi Osaka e Angelique Kerber, duas tenistas que já foram número 1 do mundo, retornarem a um Grand Slam.

Caroline Wosniacki, que tem dois filhos, um de dois anos e outro de um ano e três meses, também competirá em Melbourne. Aos 33 anos, a dinamarquesa, ex-número 1 do mundo e campeã do Aberto da Austrália em 2018, retornou após três anos e meio de aposentadoria há alguns meses, conseguindo rapidamente avançar às oitavas de final do US Open.

Jogadoras de alto nível e mães. No Aberto da Austrália haverá oito no quadro principal. Além das três mencionadas, estarão em Melbourne Elina Svitolina, Victoria Azarenka, Tatjana Maria, Taylor Townsend e Yanina Wickmayer.

"Estou muito feliz por ver as jogadoras voltarem. Eu disse faz tempo: acho que rompemos o estereótipo que dizia que não se pode ser jogadora de alto nível e ter uma família. Isso acabou. E está evoluindo cada vez mais. A prova é o número de jogadoras que estão conseguindo", disse recentemente Azarenka, número 22 do ranking da WTA.

Eça retornou ao circuito em 2018, após dar à luz seu filho, Leo, no final de 2016, alcançando uma final de Grand Slam depois da maternidade, no US Open de 2020.

Ótimo, supera o esporte

"Eu acho ótimo, supera o esporte. Às vezes há setores que têm receio. Espero que isto mostre, além do esporte, que uma mulher pode administrar uma carreira e ter filhos. E que tudo acaba bem, que voltam bem. As atletas mostrarem isso é um bom exemplo", disse o tenista francês Gaël Monfils.

Sua esposa, a ucraniana Elina Svitolina (23ª), retornou em grande forma após ter tido um filho: empunhou as raquetes em abril, seis meses depois de dar à luz, e chegou às quartas de final de Roland Garros e às semifinais de Wimbledon.

"Como esporte feminino de primeiro plano, ainda temos muito a fazer para continuar avançando, não somente no mais alto nível", opina Azarenka, uma voz poderosa nas questões sociais. "É o nosso momento, espero que sejam criados os meios necessários", acrescenta.

"Nós nos inspiramos umas nas outras", continua Kerber, de 35 anos, de volta um ano depois do nascimento de sua filha, Liana. "Elina e Caro [Wozniacki] voltaram no ano passado, Naomi e eu, agora. Acho que temos uma motivação diferente: já não somos a pessoa importante em nossas vidas, tem outra".

Mais aberta, mais paciente, mais forte

Em entrevista antes dos jogos, a alemã Angelique Kerber, ganhadora de três Grand Slams, avisou que está cada vez com mais garra. "Odeio perder, isso não mudou. O que mudou é que viro a página mais rápido, porque é preciso. Tento aproveitar isso, não complicar as coisas como antes", disse.

"Ser mãe mudou muito a minha mentalidade, é assim mesmo. Eu me sinto uma pessoa diferente. Sou mais aberta, muito mais paciente e me sinto muito mais forte. Desde o meu retorno, não ando com fones de ouvido, é uma mudança de personalidade", descreve Osaka, que viajou à Austrália sem sua filha, Shai, de seis meses, em seu retorno às quadras.

"Tenho mais confiança em mim como pessoa. Não tentava conversar com outras jogadoras antes, tinha construído uma grande barreira. Hoje vejo que interajo com as pessoas", explica a japonesa de 26 anos.

"É como ter dois trabalhos em tempo integral. Encontrar o equilíbrio para poder fazer os dois é difícil. Alguns dias é sobrevivência, em outros está tudo bem", ressaltou Wozniacki.

Saúde mental

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a japonesa surpreendeu ao perder para tcheca Marketa Vondrousova. A Tóquio 2020 tinha sido o primeiro torneio de Osaka desde que ela desistiu de Roland Garros meses antes, quando ela anunciou que sofria de depressão há quase três anos.

Na ocasião, ela disse que não soube lidar com a pressão. Também nos Jogos de 2020, a ginasta dos Estados Unidos Sinome Biles desistiu de disputar as finais por questões de saúde mental. Os dois casos chamaram a atenção do mundo do esporte sobre a importância do acompanhamento psicológico dos atletas no mesmo grau de importância que o físico.

Mais madura e recuperada, Naomi Osaka promete um show dentro das quadras e uma briga de alto nível pelo título na Austrália.

(Com AFP e Agência Brasil)

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