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“Não sinto pressão por recordes”, diz designer do relógio mais fino do mundo

Fabrizio Buonamassa, diretor de produto da Bvlgari, desenha com papel e caneta seus projetos, como o Octo Finissimo

Fabrizio Buonamassa, da Bvlgari: projetos com dois a três anos de antecedência (Bvlgari/Divulgação)

Fabrizio Buonamassa, da Bvlgari: projetos com dois a três anos de antecedência (Bvlgari/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 8 de março de 2024 às 07h00.

MIAMI. Poucas pessoas na indústria relojoeira são tão elegantes quanto Fabrizio Buonamassa. Seu uniforme habitual é paletó de abotoamento cruzado, lenço no bolso e mocassim nos pés. O designer italiano responde pela direção de produto da Bvlgari – ou seja, de bom gosto ele precisa entender.

Buonamassa recebeu a EXAME Casual durante a LVMH Fashion Week, realizada no fim de janeiro em Miami, para uma conversa sobre os lançamentos da grife de origem italiana e seu processo de trabalho. Acompanhe.

O que você pode dizer sobre os lançamentos da Bvlgari na LVMH Watch Week?

Uma das novidades é o Bvlgari Bvlgari, que despareceu por muitos anos agora em ouro e nos tamanhos 26 e 38 milímetros. O maior é um pouco como o original, que tinha 35 milímetros nos anos 1980, o mercado então era diferente. É um relógio muito elegante, para mulheres e para homens. O Lvcea está bem diferente, com novo case, um deles com malacite, um dos materiais mais lindos que já usamos, em uma espécie de mosaico, algo muito difícil de produzir. Cada relógio é diferente do outro. Não chega a ser uma edição limitada, mas acabamos tendo sim uma limitação para produção por isso. E no Octo Finissimo trouxemos entre outras coisas um mostrador na cor salmão, uma tendência hoje, que vinha sendo pedida por nossos clientes.

Você ainda costuma fazer os desenhos das peças à mão, com papel e caneta?

Sim. Eu amo fazer desenhos à mão. A desvantagem é que, se você erra, tem que começar do zero. Afortunadamente, eu comecei a desenhar quando ainda era muito jovem. Mas eu amo o som da caneta no papel, a tinta que muda de cor com o tempo. No digital você pode mover, mudar a proporção dos desenhos. Honestamente, é mais fácil. Mas é como eu gosto de trabalhar.

O ano passado foi dedicado ao Serpenti, pelo aniversário de 75 anos da linha. Como é a decisão de escolher qual será o modelo de destaque?

Depende. Esse é o papel do marketing, é algo estratégico. Às vezes nós podemos antecipar alguns produtos, às vezes nós somos obrigados a adiar. Temos alguns eventos maiores, como a LVMH Watch Week, a Watches & Wonders, o Geneva Watch Days. Então precisamos dividir os lançamentos nos três eventos. Agora estamos planejando os lançamentos para 2025, 2026. Em termos de design trabalhamos com dois, três, quatro anos.

De onde você tira suas inspirações?

Eu não tenho apenas um campo de inspiração. A minha mente está em todo lugar. Você nunca sabe quando a ideia vem. Por isso estou sempre com papel e caneta, para fazer alguns desenhos. Objetos mecânicos me inspiram.

"Marcas precisam contar histórias diferentes"

É uma vantagem para uma marca de origem italiana ter um designer italiano?

Acho que sim, porque o design para uma marca é muito importante. É preciso usar o DNA da marca de forma criativa. Eu não gosto de marcas que fazem as mesmas coisas só porque encontram um desenho no arquivo. Eu gosto de marcas que contam cada vez uma história diferente, com a mesma consistência. Octo Finissimo, Serpenti, Bvlgari Bvlgari e Lvcea são quatro famílias diferentes, com histórias diferentes.

Qual a diferença entre fazer relógios para homens e para mulheres?

Às vezes é o mesmo design, pequeno para mulheres e grande para homens. Não temos esse tipo de abordagem. Nós fazemos até relógios apenas para mulheres e relógios para homens, mas no final, se você gosta do Serpenti, você pode comprar e usar. Se gosta de Octo, você pode usar um Octo.

O Octo Finissimo já bateu oito recordes de menor espessura. Há uma pressão para sempre fazer um relógio mais fino?

Não há pressão, honestamente. Estamos muito felizes que não estamos sozinhos nisso. Estamos em boa companhia no segmento de relógios muito finos. Não estou obcecado por recordes.

Você considera fazer um Finissimo menor do que 40 milímetros?

Essa é a maior demanda do mercado no momento. O movimento que temos não nos deu a oportunidade de reduzir o tamanho do Finissimo. Temos que desenvolver um novo movimento. Esse é o maior desafio. Então veremos.

  • O jornalista viajou a convite da LVMH Watch Week
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