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Museu do Brinquedo guarda um pedaço da história do México

Criado em 2006 pelo arquiteto mexicano Roberto Shimizu, o museu não conserva somente brinquedos mexicanos, mas também peças de outras partes do mundo.

brinquedo (EFE)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 06h39.

Escondido em um edifício da colônia Doctores, uma das mais centrais e populares da Cidade do México, o Museu do Brinquedo Antigo guarda entre suas paredes mais de 40 mil peças que refletem, segundo o fundador, "a história econômica e industrial" do país.

Criado em 2006 pelo arquiteto mexicano Roberto Shimizu, o museu não conserva somente brinquedos mexicanos, mas também peças de outras partes do mundo, e além de brinquedos há elementos do cotidiano que mostram a história industrial do México.

"Os museus guardam peças que nem eu nem você tivemos. Nós tivemos as coisas da rua, e ninguém guardou as coisas da rua. Com o museu nos damos conta que isto é um verdadeiro patrimônio, não só de brinquedos, mas da história econômica e industrial do México", comentou Shimizu em entrevista à Agência Efe.

Shimizu fundou o museu há oito anos para garantir que seus filhos cuidassem da coleção que ele monta desde menino.

"Não queria que tudo isto acabasse em vendas de garagem. Há mais de 40 mil peças expostas, mas é uma coleção pessoal de milhões", acrescentou.

Os pais de Shimizu migraram do Japão e abriram uma loja que misturava confeitaria com artigos de papelaria na colônia Doctores.

"Eu guardava brinquedos nas adegas, senão não caberiam porque morávamos em um apartamento. A coleção foi sendo feita ao longo de muitos anos" explicou.

Os primeiros brinquedos foram os carrinhos Matchbox, que Shimizu ainda conserva em uma das estantes do museu.

"Eram carrinhos tão bonitos que todo mundo brincava e guardava. Matchbox é o divisor de águas para um colecionar brinquedos, e daí eu comecei a guardar coisas que meu pai vendia e outros brinquedos que vinham do Japão", lembrou.

Embora no começo fosse aos mercados e "tianguis" (espécie de feira popular) em busca de peças para acrescentar a sua coleção, Shimizu disse que agora muitos comerciantes, chamados de "chachareros", procuram por ele para oferecer peças e brinquedos.

"Temos uma relação muito especial com os 'chachareros' porque eles sabem quais peças temos e quais não. Quando nos vendem algo, sabem que vai ficar aqui, porque muita gente as vende para o exterior", contou.

Para ter controle da coleção, todos os meses ele faz um registro das novas peças que entraram no museu. Shimizu tem, inclusive, os primeiros cadernos que preenchia manualmente com a descrição, o preço, os materiais, o nome do vendedor e um desenho da peça.

Entre os brinquedos do museu há lutadores, bonecas Barbie, aviões e trens, jogos de tabuleiro, bonecos de Cantinflas (ator e humorista mexicano) e do personagem Chapolin Colorado, robôs japoneses, vaqueiros, detetives e espiões, entre muitos outros.

"Em quantidade deve ser a maior coleção de brinquedos do mundo", estimou.

Uma das coisas que Shimizu mais se orgulha é de o museu ficar em Doctores. "Minha família já tem mais de 70 anos aqui. Tive um convite muito sério para irmos para Polanco e eu disse não", explicou.

"A maioria dos museus são edifícios muito pomposos, mas pouco acessíveis à cultura popular, e este é um museu de cultura popular. Doctores é a colônia mais rica na história do México e quero ficar aqui", acrescentou.

Entre as novas exposições que quer montar está uma de 900 bonecas Barbie feitas no México, outra dedicada a brinquedos mexicanos e outra a El Santo, um dos lutadores mexicanos mais famosos da história, protagonista de vários filmes entre os anos 60 e 80.

"O único brinquedo 100% feito no México são os lutadores e seu ringue", destacou o arquiteto.

Sobre a sala dedicada a El Santo, disse que a viúva do lutador deixou "quase toda sua parafernália", mas eles ainda não puderam montá-la.

A coleção de Shimizu foi comparada a do falecido escritor Carlos Monsiváis, um grande colecionador, além de cronista e ensaísta mexicano.

"Monsiváis disse que o dia mais feliz da sua vida foi quando começaram a classificar sua coleção. Ele não sabia o que tinha. Ele colecionava obra gráfica, nós colecionamos brinquedos. Ele é o intelectual, o escritor, mas o ajudante de cozinheiro colecionador sou eu", brincou Shimizu.

Até agora, o objetivo de Shimizu está sendo cumprido. Seu filho mais velho, também arquiteto, já participa da conservação do museu, e realiza várias atividades culturais.

"Vamos abrir novas casas no museu. Recebemos muitos artistas e queremos dar a eles um espaço durante um mês para que possam expor, paguem um valor trabalhando aqui, mas que também possam produzir obra, ficar e dormir", adiantou Shimizu filho.

"Colaboramos com muitos artistas. Um músico austríaco até fez uma ópera inspirada no museu. É incrível ver como artistas de muitas áreas se sentem identificados com nosso trabalho", concluiu.

 

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