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Museu da Empatia, em SP, desafia visitante a calçar sapato alheio

O objetivo do atípico museu, cuja ideia surgiu em Londres, é desenvolver a empatia dos espectadores por meio das histórias dos donos dos sapatos

Sapatos: exposição, intitulada "Caminhando em seus sapatos", é a adaptação de um provérbio indígena americano "A mile in a shoes" (foto/Thinkstock)

Sapatos: exposição, intitulada "Caminhando em seus sapatos", é a adaptação de um provérbio indígena americano "A mile in a shoes" (foto/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 14h58.

São Paulo - No Museu da Empatia, em São Paulo, não há quadros e nem obras de arte, só calçados usados e 25 histórias de pessoas desconhecidas que levam o "espectador" a calçar, literalmente, os sapatos do outro.

Entre dezenas de caixas de papelão, uma preta repassa a vida de Alex - nome fictício -, um jovem negro que, após perder seus parentes próximos, se envolve no mundo da criminalidade e das drogas.

Após passar mais de uma década atrás das grades, Alex luta contra suas inquietações e consegue ganhar a batalha graças ao boxe, um refúgio que hoje ensina aos jovens mais necessitados para fugir dos riscos da rua.

O próprio Alex é o narrador de sua história e para conhecê-la, o espectador precisa colocar capacetes, calçar seus tênis e começar a caminhar pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo, onde uma caixa quadrada guarda 28 pares de sapatos junto a 25 histórias.

O objetivo por trás deste atípico museu é desenvolver a empatia dos espectadores, uma ideia que surgiu em Londres e que agora chegou ao Brasil depois de percorrer várias cidades do mundo.

A exposição, intitulada "Caminhando em seus sapatos", é a adaptação de um provérbio indígena americano "A mile in a shoes", o que faz referência à importância de se colocar na pele do próximo antes de julgar.

"O provérbio diz que somente se pode julgar e conhecer uma pessoa depois de ter calçado seus sapatos e isso é o que esta exposição faz de forma literal", explicou à Agência Efe Andrea Buoro, diretora-executiva da Intermuseus, uma ONG que trabalha a favor do desenvolvimento social.

No museu - uma espécie de sapataria - sobressaem plataformas vermelhas com mais de dez centímetros de adornadas com pérolas coloridas. Sobre elas andou durante anos uma famosa dragqueen dedicada a distribuir sorrisos pelos palcos do Brasil.

Por trás de sapatilhas de balé, está a história de um Billy Elliot brasileiro, enquanto sapatos desgastados aparecem refletindo o profundo sofrimento de uma mulher humilde que há décadas procura um irmão desaparecido e que perdeu seu marido e seu filho em açõs policiais.

"Morri no momento em que mataram meu filho. O tiro no coração dele alcançou o meu também", relata a mulher.

Em meio à dor, luta pelo respeito às vítimas e denuncia a instauração da "pena morte" na periferia do Brasil, onde estão as principais vítimas de violência do país sul-americano.

Com os sapatos calçados, os "espectadores" deste atípico museu escutam em silêncio as histórias, que contém relatos de perdas, superação, luto, amor, preconceitos, exclusão, esperança e inspiração.

"Quando a pessoa usa os sapatos e coloca o capacete, entra no universo dessas outras pessoas, o contato com a história é mais forte", conta à Efe um jovem de 21 anos.

Em seus sapatos estava a história de uma mulher com sobrepeso que conseguiu superar o preconceito diário e transformar sua experiência em ajuda para outras pessoas.

"É uma situação difícil, são regras que a sociedade impõe. Dizem que todo o mundo precisa ser magro, que ser gordo significa que não há saúde. Ela conseguiu superar isso graças às redes sociais e agora está ajudando muita gente", contou a espectadora.

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