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Mulheres fumam cada vez mais no Brasil

Enquanto homens, cada vez mais, têm conseguido largar o cigarro, o número de mulheres tabagistas só aumenta: já são cerca de 10 milhões


	Mulher fumando um cigarro: tabaco é responsável por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos no País
 (Getty Images)

Mulher fumando um cigarro: tabaco é responsável por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos no País (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2013 às 12h51.

São Paulo - Proibir o fumo em ambientes públicos fechados gera queda nos nascimentos prematuros. O dado faz parte de pesquisa divulgada na última semana pelo British Medical Journal, uma das publicações da área médica de maior prestígio internacional. O estudo, feito por pesquisadores da Universidade Hasselt, na Bélgica, envolvendo 600 mil partos, vem à tona no início do Mês da Mulher.

A data não é por acaso. O público feminino é o mais atingido por problemas gerados pelo fumo. No Brasil, enquanto os homens, cada vez mais, têm conseguido largar o cigarro, o número de mulheres tabagistas, só aumenta: hoje, já são cerca de 10 milhões, segundo o IBGE. Como consequência, o cigarro é, atualmente, responsável por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos no País.

"O fumo é uma epidemia mundial e, na comparação entre os gêneros, os efeitos são ainda mais devastadores à saúde da mulher que à do homem", comenta a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), Paula Johns.

Além da questão dos partos prematuros, outro dado que assusta é a divulgação de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Milão, na Itália. Segundo a revista especializada Annals of Oncology , o câncer de pulmão vai ultrapassar o de mama, entre as mulheres europeias, até 2015. O aumento reflete o crescimento do número de mulheres que começaram a fumar nos anos 1960 e 1970.

Para reduzir esses números, Paula Johns afirma que é necessária a implementação da lei antifumo, em âmbito nacional, e a proibição dos anúncios de cigarros em pontos de venda. Experiências internacionais comprovam a eficácia dessas iniciativas.

"O aumento de consumo do cigarro entre mulheres está associado a uma série de fatores, seja para aliviar a ansiedade, o estresse e a depressão, ou, até mesmo, as tensões do trabalho e de casa. Há ainda razões mais subjetivas, relacionadas com identidade, auto-estima, aceitação social, sentir-se madura ou sexy. É sabido que a indústria pesquisa incansavelmente sobre as aspirações das mulheres e desenvolve produtos que procuram preencher essas lacunas emocionais", comenta a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), Paula Johns.


No Brasil, a lei antifumo foi sancionada em 2011, mas ainda não entrou em vigor em todo o País. Falta, por exemplo, regulamentar, justamente, os locais onde não se poderá fumar.

Nos municípios ou estados onde há legislações específicas, estas valem e as experiências são positivas. Em São Paulo, o consumo de cigarro diminuiu pela metade já no primeiro ano de vigência da lei (2009).

No Rio de Janeiro a lei existe também há quase quatro anos. Em 2009, dois mil estabelecimentos comerciais foram multados porque permitiram a presença de fumantes. Em 2012, foram apenas três multas.

Sobre a propaganda em pontos de venda, o problema atinge, também, jovens e aqueles que estão tentando parar de fumar. Um estudo australiano constatou que 40% dessas pessoas relatam ter vontade de fumar ao ver os anúncios e mais de 60% compram impulsivamente cigarros.

Um outro estudo feito em 30 países subdesenvolvidos, entre eles, o Brasil, constatou que restrições parciais estão associadas a uma redução de 13,6% no consumo per capita, em comparação com 23,5% em países que optaram por proibições mais abrangentes.

Outra questão que merece destaque é o consumo precoce do cigarro entre as meninas. Cerca de um terço dos adolescentes brasileiros experimentam tabaco antes dos 12 anos e o percentual de meninas que começam a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a de meninos, em todas as regiões do país.

Para a ACT, nesse sentido, além da proibição da publicidade, há a necessidade de proibição definitiva e imediata dos aditivos nos cigarros.

“Os saborizados não fazem mais mal ao organismo que um cigarro comum, mas são usados para ‘atrair’ novos fumantes, principalmente os jovens, porque adicionar morango, menta, canela e açúcar diminui a irritabilidade, aumenta a aceitação ao produto e estimula a experimentação”, explica Paula Johns.

A Anvisa conseguiu, recentemente, suspender liminar que permitia à indústria do tabaco continuar a fabricar e vender os cigarros com sabor. A proibição, agora, volta a ser válida e os produtores deverão adequar-se e cumprir os prazos de retirada desse tipo de produto do mercado, ainda este ano.

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