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Mudanças climáticas: pássaro altera rota e preocupa produtores de vinho em Portugal

Com um clima mais quente, o bando migratório passou a permanecer mais tempo na região do Alentejo

Herdade dos Grous: vinícola da região do Alentejo, em Portugal. (Divulgação/Divulgação)

Herdade dos Grous: vinícola da região do Alentejo, em Portugal. (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 11h36.

Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 12h27.

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ÉVORA, PORTUGAL - As imagens de quilômetros de áreas de florestas e casas queimando na Califórnia, nos Estados Unidos, causam impacto e mostram como as mudanças climáticas nos afetam cada vez mais. Do outro lado do Oceano Atlântico, em Portugal, o aquecimento global alterou a rota do pássaro Estorninho Cinzento. Com um clima mais quente, o bando migratório, que chega aos milhares, passou a permanecer mais tempo na região do Alentejo, deixando de rumar ao norte da África.

O grande problema, segundo Luís Constantino, especialista em viticultura da Herdade dos Grous, é que o Estorninho Cinzento provoca danos agrícolas significativos. E os pássaros estão atacando as plantações de uvas para a elaboração de vinhos. “Uma perda de parte da safra é sempre normal, mas eles estão atacando cada vez mais plantas. Antes, eles só passavam por aqui, agora não vão embora”, explica.

Para mitigar os impactos, a vinícola desenvolve técnicas sustentáveis, como o pastoreio rotativo de ovelhas. Essas práticas ajudam a conter plantas invasoras e a espantar os pássaros, promovendo um manejo mais natural. “Tentamos imitar o que é natural”, acrescenta Constantino.

Programa de sustentabilidade no Alentejo

Desde 2013, o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) foi criado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, em parceria com a Universidade de Évora, para tornar a região mais sustentável.

A Herdade dos Grous, com uma produção anual de 700 mil garrafas, é um dos 637 membros que aderiram ao programa, que estabelece 171 critérios desde o manejo das videiras até a harmonia com o meio ambiente.

“No pior cenário, em 2050, não haverá vinho de qualidade no Alentejo, mas já estamos nos preparando para continuar produzindo”, diz Luís Constantino.

O Brasil como mercado estratégico

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o principal mercado das garrafas dos irmãos europeus — nesta conta não entram os vinhos do Porto. Em 2023, a importação de rótulos lusitanos atingiu números recordes, refletindo uma tendência clara de preferência pelos vinhos portugueses.

De janeiro a dezembro do ano passado, o Brasil importou de Portugal 77 milhões de euros em vinhos, um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. Em volume, o crescimento foi de 4%.

Os números são da base de comércio global Comtrade e foram compilados, com exclusividade para a EXAME Casual, pela Vinhos Portugal, a agência de promoção dos rótulos lusitanos. Com esses valores, nos tornamos o principal destino do vinho de Portugal, superando até os Estados Unidos.

Embora os números de 2024 ainda não estejam fechados, espera-se que os vinhos portugueses voltem ao segundo lugar entre os vinhos estrangeiros mais consumidos no Brasil, atualmente ocupando a terceira posição. Os chilenos lideram com 35% do mercado, seguidos pelos argentinos, com 18%.

*O Jornalista viajou a convite da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana

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