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Morreu Omar Sharif, o eterno 'Doutor Jivago'

O ex-ministro egípcio das Antiguidades e egiptólogo renomado, Zahi Hawwas, que era um amigo próximo de Sharif, confirmou a morte do ator em uma clínica do Cairo


	Segundo seu agente, o ator morreu esta tarde de um ataque cardíaco no Cairo e estava em um hospital especializado para pacientes com Alzheimer
 (AFP / Damien Meyer)

Segundo seu agente, o ator morreu esta tarde de um ataque cardíaco no Cairo e estava em um hospital especializado para pacientes com Alzheimer (AFP / Damien Meyer)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2015 às 17h08.

O ator egípcio Omar Sharif, cujo nome verdadeiro era Michel Shalhoub, uma lenda do cinema por seus papéis em "Lawrence da Arábia" e "Doutor Jivago", morreu no Cairo nesta sexta-feira, de ataque cardíaco, aos 83 anos.

"Ele morreu esta tarde de um ataque cardíaco no Cairo. Ele estava em um hospital especializado para pacientes com Alzheimer", declarou à AFP seu agente, Steve Kenis, em Londres.

Esta doença fez com que ele se afastasse dos cinemas em 2012, após uma última aparição em "Rock The Casbah", de Laila Marrakchi, fechando uma carreia com mais de 60 filmes.

O ex-ministro egípcio das Antiguidades e egiptólogo renomado, Zahi Hawwas, que era um amigo próximo de Sharif, confirmou a morte do ator em uma clínica do Cairo, onde foi internado há um mês, afirmando que o velório pode acontecer no domingo.

"Seu estado psicológico se deteriorou muito, ele não comia nem bebia mais", afirmou à AFP Hawwas.

Sharif começou a atuar nos anos 1950 e foi lançado ao estrelado ao atuar com Peter O'Toole no filme "Lawrence da Arábia", que lhe valeu uma indicação ao Oscar.

Seu maior sucesso foi o papel título em "Doutor Jivago", adaptação do romance de Boris Pasternak ambientado durante a Revolução Russa.

Conhecido por seu sorriso charmoso, estrelou outros filmes como "Funny Girl - A garota genial", ao lado de Barbra Streisand.

Também era conhecido por seu gosto pelo jogo de cartas e corridas de cavalo.

Sharif nasceu em 10 de abril de 1932 em Alexandria, no norte do Egito, em uma família de negociantes de origem sírio-libanesa.

Aos 11 anos, sua mãe, que o considerava muito gordo, o enviou a uma escola inglesa, Victoria College de Alexandria, na esperança de ser menos tentado pela comida.

O objetivo foi atingido e, ainda mais, ele descobriu o teatro e o inglês, que passou a falar com fluência, assim como o francês, o italiano e o grego.

Após estudar matemática e física na Universidade do Cairo, aceitou trabalhar cinco anos com seu pai, apesar de já sonhar com os palcos.

Ator nômade

Seu encontro com Youssef Shahine fez com que sua vida mudasse. O diretor o convidou para participar, em 1954, de "Devil of the Sahara", seu primeiro filme.

Durante as filmagens, conheceu a atriz egípcia Faten Hamama, com quem casou mais tarde.

Por causa da noiva, Omar Sharif, criado no rito grego-católico melkite, se converteu ao Islã antes de seu casamento. Posteriormente confessou ser agnóstico.

Frequentemente parceiro de sua esposa nas telas, foi ao seu lado que interpretou seu primeito papel ocidental em "Siraa Fil-Mina", de Richard Pottier, em 1956.

Seis anos depois, o filme "Lawrence da Arábia", de David Lean, fez dele um astro internacional.

Com seu papel nesse filme, recebeu uma indicação para o Oscar e levou o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante em 1963 e assinou com a Columbia.

Em Hollywood, Omar Sharif decidiu se divorciar de sua esposa porque, segundo ele, "rodeado por belas mulheres, estava convencido de que acabaria me apaixonando por alguém e não queria humilhá-la, nem impedir que ela refizesse sua vida".

Eterno galã, o ator de bigode elegante e voz rouca acabou nunca mais se apaixonando e negou a maioria de suas conhecidas conquistas amorosas.

Em 1965, conheceu David Lean que o dirigiu em "Doutor Jivago", pelo qual recebeu o Globo de Ouro de Melhor Ator por sua interpretação do médico russo.

Raramente satisfeito com suas performances, "fico contente com dez segundos de um filme e dez segundo de um outro", dizia ele, o ator confidenciou ter rodados "filmes muito ruins" por necessidade.

Longe de sets de filmagem, Omar Sharif foi um jogador profissional de bridge - escreveu um livro sobre o esporte e jogos de videogame levam o seu nome -, um amante das corridas de cavalos, e frequentador assíduo dos cassinos para enganar sua "solidão", segundo dizia.

"Todo o dinheiro que eu ganho, eu perco. Quando eu tenho dinheiro, sou obrigado a gastá-lo, mas não me incomodo", assegurou.

Para pagar suas dívidas de jogo, chegou a vender o único apartamento que possuía, em Paris.

Omar Sharif, de humor refinado, preferia levar uma vida de "nômade".

"Eu sou o único ator do mundo que é um estranho em toda parte. Tinha sempre a mala pronta, estava sempre em hotéis de luxo, como um "convidado", contou.

Passou muitos anos vivendo entre a França, Itália e Estados Unidos antes de voltar para seu país natal.

Coroado em 2003 com o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza pelo conjunto de sua carreira, recebeu em 2004 o César francês de Melhor Ator por "Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran", de François Dupeyron.

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