Sebastião Salgado: fotógrafo morreu nesta sexta-feira, 23 (Lorena Sopena/Europa Press/Getty Images)
Repórter
Publicado em 23 de maio de 2025 às 12h13.
Última atualização em 23 de maio de 2025 às 14h41.
Morreu, nesta sexta-feira, 23, Sebastião Salgado, fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro reconhecido internacionalmente. Ele tinha 81 anos e vivia em Paris.
Salgado enfrentava problemas decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990, disse um amigo próximo dele à Folha de S.Paulo.
Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944, Salgado formou-se inicialmente em Economia, graduando-se pela Universidade do Espírito Santo.
Fez mestrado na Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Economia na Université de Paris. Trabalhou na Organização Internacional do Café em Londres antes de dedicar-se à fotografia a partir de 1973, em Paris.
Sua carreira na fotografia começou como freelancer e passou por agências europeias importantes, como Gamma, Sygma e Magnum Photos. Destacou-se por registrar eventos históricos, como a Revolução dos Cravos em Portugal e o atentado contra o presidente dos EUA Ronald Reagan em 1981, o que lhe conferiu projeção internacional.
Salgado é conhecido por seu trabalho em preto e branco, focado em retratar a dignidade humana e denunciar injustiças sociais, guerras, pobreza e exploração. Seus projetos fotográficos viajaram por mais de 120 países e resultaram em livros e exposições reconhecidos mundialmente.
Entre suas obras mais importantes estão Outras Américas (1986), com fotos de camponeses e indígenas latino-americanos; Sahel: O Homem em Agonia (1986), que registrou a seca e crise humanitária no Sahel, África; Trabalhadores (1986-1992), que documentou as condições difíceis de trabalhadores no mundo; e Êxodos (1993-1999), sobre migrações em massa causadas por guerras e pobreza.
Um episódio marcante da carreira foi a passagem pela mina de ouro de Serra Pelada, Pará, em 1986, onde fotografou as condições extremas de mais de 50 mil garimpeiros, símbolo da exploração humana e social no Brasil.
Em 1994, com a esposa Lélia Wanick Salgado, fundou a agência Amazonas Images para gerenciar seus trabalhos.
Além da fotografia, foi Embaixador da Boa Vontade da Unicef e recebeu diversas honrarias internacionais, incluindo a Medalha do Centenário da Royal Photographic Society, a comenda da Ordem do Rio Branco e nomeações para a Academia de Belas-Artes de Paris e a American Academy of Arts and Letters nos EUA.
Sua vida e obra foram retratadas no documentário O Sal da Terra (2014), dirigido por Wim Wenders e seu filho Juliano Ribeiro Salgado, premiado em festivais internacionais e indicado ao Oscar de melhor documentário em 2015.
Após a confirmação da morte de Sebastião Salgado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a tragédia em uma declaração. Veja a íntegra:
Me sinto profundamente triste com o falecimento de Sebastião Salgado, ocorrido na manhã desta sexta-feira.
Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade.
Salgado não usava apenas seus olhos e sua máquina para retratar as pessoas: usava também a plenitude de sua alma e de seu coração.
Por isso mesmo, sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade. Aos seus amigos e familiares, deixo meu forte abraço.