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Morre Pierre Soulages, pintor francês dos "infinitos tons de preto", aos 102 anos

Com telas vendidas por até 9,6 milhões de euros, artista autodidata conquistou espaço nos principais museus e galerias do mundo

Pierre Soulages começou a ganhar destaque na década de 1950 (AFP/AFP)

Pierre Soulages começou a ganhar destaque na década de 1950 (AFP/AFP)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 26 de outubro de 2022 às 14h34.

O pintor francês Pierre Soulages, conhecido por suas pinturas em infinitos tons de preto, morreu aos 102 anos, informou nesta quarta-feira (26) Alfred Pacquement, amigo de longa data do pintor e presidente do museu que leva seu nome em Rodez, no sul da França.

"É uma notícia triste, acabei de desligar o telefone com sua viúva, Colette Soulages", disse Pacquement à reportagem.

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"Gosto da autoridade do preto, sua gravidade, evidência, radicalidade (...). O preto tem possibilidades infinitas", explicou Soulages em dezembro de 2019, em entrevista por ocasião de sua exposição no Louvre, que lhe abriu as portas.

O preto "é uma cor muito ativa. Utilizar o preto junto com um tom escuro o ilumina", disse o pintor em entrevista à AFP. Soulages se aprofundou neste tema por 75 anos, ganhando o reconhecimento das instituições culturais e do mercado da arte.

Pouco antes de sua exposição no Louvre, Soulages batia seu próprio recorde em leilões com a venda de um quadro pintado em 1960 por 9,6 milhões de euros em Paris. "Isso simplesmente quer dizer que há gente com muito dinheiro querendo comprar minhas obras", comentou.

Ignorar "as cores das aquarelas"

Exposição de Pierre Soulages

Obras pintadas de preto eram características do artista (Opera Gallery/Reprodução)

Soulages nasceu em 24 de dezembro de 1919. Seu pai, construtor de carruagens, morreu quando ele tinha cinco anos. Sua mãe o criou sozinha enquanto trabalhava em uma loja de artigos de caça e pesca.

Soulages queria pintar, mas não gostava "das cores das aquarelas" e optou por recriar árvores no inverno, com os galhos secos, os efeitos visuais da neve. Durante uma excursão escolar à Abadia de Sainte-Foy em Conques, na adolescência, teve a revelação: seria pintor.

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial entrou para a Academia de Belas Artes de Paris. Porém, deixou o curso e preferiu voltar ao sul e aprender por conta própria em Montpellier.  Lá conheceu Colette Llaurens, com quem se casou um ano depois, com documentos falsos, com os quais evitou ir para a Alemanha, como aconteceu com muitos jovens franceses.

Pierre e Colette se instalaram em 1947 em Paris, onde os artistas Francis Picabia e Fernand Léger o animaram a perseverar. Suas telas rapidamente causaram comoção e nos anos 1950 entraram para as coleções de museus como o Guggenheim de Nova York e o Tate Modern de Londres.

Em 1979, trabalhando sobre uma tela totalmente preta, Soulages percebeu que tinha cruzado um limiar. "Era além do preto, eu estava em outro espaço mental", explicou. "É a luz difusa dos reflexos que me interessa", acrescentou.

Em 1986, ele pintou mais de 100 vitrais para a abadia de Conques, obra inaugurada em 1994. No final de 2009, uma grande retrospectiva de sua obra recebeu meio milhão de visitantes no Centro Pompidou de Paris.

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