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Morre Helio Jaguaribe, jurista, escritor e integrante da ABL

O acadêmico morreu em casa, no Rio de Janeiro. "Um dos últimos grandes intérpretes de nosso país", homenageou o presidente da ABL

Helio Jaguaribe: Cientista político ocupava a cadeira número 11 da ABL desde 2005 (Documentário "Tudo é irrelevante. Helio Jaguaribe"/Jaguar Filmes/Divulgação)

Helio Jaguaribe: Cientista político ocupava a cadeira número 11 da ABL desde 2005 (Documentário "Tudo é irrelevante. Helio Jaguaribe"/Jaguar Filmes/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 10 de setembro de 2018 às 13h56.

Última atualização em 10 de setembro de 2018 às 13h57.

Morreu na noite de ontem (9) no Rio de Janeiro o escritor, advogado, sociólogo e cientista político Helio Jaguaribe, aos 95 anos. Ele estava em casa, no bairro de Copacabana, e teve falência múltipla de órgãos. A informação foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), onde Jaguaribe ocupava a cadeira número 11 desde 2005.

Segundo divulgou a ABL, o presidente da instituição, Marco Lucchesi, determinou que a bandeira da academia fosse hasteada a meio mastro. "Helio Jaguaribe foi um dos últimos grandes intérpretes de nosso país. Estudou o Brasil para transformá-lo, mediante uma abordagem desenvolvimentista, com a fundação do Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), nos anos 50", declarou o presidente.

Lucchesi lembrou da trajetória de Jaguaribe na defesa da indissociabilidade entre ação e pensamento, "como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras". Entre a vasta obra do imortal estã A dependência político-econômica da América Latina e Um estudo crítico da história.

Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Helio Jaguaribe se formou em direito pela Pontifícia Universidade Católica em 1946. Iniciou em 1952 um projeto de estudos, ao lado de outros jovens cientistas sociais, para reformular o entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp). No órgão, Jaguaribe foi secretário-geral e também diretor da revista Cadernos de Nosso Tempo.

Por iniciativa dele, foi constituído em 1956 o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), ligado ao Ministério da Educação, para promover altos estudos no campo das ciências sociais. Com o golpe militar de 1964, Jaguaribe foi lecionar nos Estados Unidos, ficando na Universidade de Harvard, de 1964 a 1966; na Universidade de Stanford, de 1966 a 1967 e no Massachusets Institute of Tecnology.(MIT), de 1968 a 1969. Retornou ao Brasil em 1969, quando ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes.

Foi decano do Instituto de Estudos Políticos e Sociais desde sua fundação, em 1979, até 2003, continuando as pesquisas ativamente como decano emérito. Recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992); e da Universidade de Buenos Aires (em 2001). Recebeu também a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1996 e a Ordem do Mérito Cultural, em 1999.

O corpo de Jaguaribe será velado na quarta-feira (12) na Sala dos Poetas Românticos, no Petit Trianon da ABL, a partir das 10h. O sepultamento está previsto para 15h do mesmo dia, no Mausoléu da Academia no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele deixa a viúva Maria Lucia Charnaux Jaguaribe e cinco filhos: Anna, Roberto, Claudia, Beatriz e Isabel.

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