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Morre aos 79 anos a atriz Anna Karina, símbolo do novo cinema francês

"Hoje, o cinema francês ficou órfão. Perdeu uma de suas lendas", afirmou o ministro da Cultura da França, Franck Riester, no Twitter

Anna Karina em evento em 2018: atriz morreu em decorrência de um cancêr (Stephane Cardinale - Corbis/Corbis/Getty Images)

Anna Karina em evento em 2018: atriz morreu em decorrência de um cancêr (Stephane Cardinale - Corbis/Corbis/Getty Images)

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AFP

Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 09h54.

A atriz Anna Karina, conhecida por seus papéis nos filmes de Jean-Luc Godard e um dos símbolos da Nouvelle Vague, morreu no sábado (14) em Paris em decorrência de um câncer, aos 79 anos, anunciou neste domingo (15) seu agente à AFP.

Francesa de origem dinamarquesa, a atriz de rosto pálido e grandes olhos azuis filmou sete filmes com Godard, então seu parceiro, nos anos 1960.

Também fez carreira no mundo da música, triunfando ao lado do lendário Serge Gainsbourg.

"Anna morreu ontem em um hospital parisiense vítima de câncer. Ela era uma artista livre e única", disse à AFP seu agente, Laurent Balandras.

O marido da atriz, o diretor americano Dennis Berry, estava com ela na hora da morte, segundo seu agente. "Hoje, o cinema francês ficou órfão. Perdeu uma de suas lendas", afirmou o ministro da Cultura da França, Franck Riester, no Twitter.

Desde a infância na Dinamarca, entre uma mãe distante, uma avó falecida cedo demais e um avô que ela adorava, a atriz cultivava grande sensibilidade.

Ainda menor de idade, viajou para Paris pedindo carona com a ideia de se tornar atriz. Rapidamente começou uma carreira como modelo.

Foi Coco Chanel quem mudou seu nome verdadeiro, Hanne Karin Bayer, para Anna Karina.

Godard a descobriu em um anúncio e propôs um pequeno papel em "Acossado" com Jean Seberg e Jean-Paul Belmondo, que ela rejeitou.

O cineasta a chamaria novamente alguns meses depois para ser a protagonista de "O Pequeno Soldado", um filme sobre a guerra da Argélia. Durante as filmagens, surgiu um romance entre eles, que duraria vários anos.

Juntos, filmaram sete filmes, entre os quais "Uma mulher é uma mulher" (prêmio de melhor interpretação no festival de Berlim de 1962), "Viver a vida" e "O Demônio das Onze Horas", com Jean-Paul Belmondo.

Viver com Godard, "complicado"

Em entrevista à AFP em 2018, a atriz falou sobre seu relacionamento com Godard. "Nós nos amávamos muito. Mas era difícil viver com ele", admitiu. "Era alguém que poderia dizer 'vou buscar um cigarro' e voltar depois de três semanas. Era uma época em que não havia smartphone, nem secretárias eletrônicas".

O relacionamento deles foi marcado por uma tragédia, a perda de um filho que ela esperava. A última vez que esse casal mítico se viu foi há mais de 20 anos. Desde então, não houve contato. "Ele está na Suíça e não abre a porta", disse à AFP. "Não, não fico triste. Afinal, é a vida dele".

Por uma década, Anna Karina participou de outros filmes, embora sempre seja a atriz fetiche de Godard. Trabalhou com Jacques Rivette ("A Religiosa", 1966), mas não com Chabrol nem Truffaut, outros diretores da Nouvelle Vague.

"Era a mulher de Jean-Luc. Isso certamente lhes dava um pouco de medo", explicou mais tarde.

Em 1973, dirigiu seu primeiro filme, "Vivre ensemble", uma história de amor entre drogas e álcool. "É um retrato da minha juventude. Vi pessoas ao meu redor afundar e morrer", declarou à AFP.

Depois de Godard, Karina se casou sucessivamente com os cineastas Pierre Fabre e Daniel Duval e, em 1982, com o americano Dennis Berry.

Como cantora, teve grande sucesso em 1967 com "Sous le soleil exactement" de Serge Gainsbourg, tema do telefilme musical "Anna" de Pierre Koralnik.

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