Série Downton Abbey: demanda por mordomos cresceu influenciada pelo programa (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2012 às 20h09.
Londres - A demanda por mordomos ao estilo da série de televisão ''Downton Abbey'' disparou e fez o serviço dos abnegados criados ingleses voltar à moda, sobretudo entre endinheiradas famílias da China, da Rússia e do Oriente Médio.
Esta figura intrinsecamente britânica vinculada à alta aristocracia vivia momentos de declive até que uma nova classe poderosa em países emergentes a pôs novamente na moda.
São muitos os ricos que requerem agora seus serviços e poucos os mordomos devidamente treinados, pelo que os que têm experiência e prestígio podem chegar a ganhar 150 mil libras (US$ 240 mil) por ano.
''As pessoas com dinheiro em países como a China procuram o que não têm para conseguir prestígio. Querem impressionar seus convidados e amigos com o rótulo de um mordomo inglês'', explica à Agência Efe Sara Vestin Rahmani, diretora da Bespoke Bureau, uma agência de formação e recrutamento de serviçais de alto nível.
A demanda por mordomos desta agência, que empregou 350 deles nos últimos 12 meses, duplicou este ano com relação ao anterior e quadruplicou em comparação com 2010. Seus cursos, que são realizados a cada três meses, não têm mais vagas até janeiro de 2014.
Vestin explica que os britânicos carecem de dinheiro para manter mordomos, uma figura que no Reino Unido fica reduzida aos hotéis de luxo e à realeza, mas diversas famílias estrangeiras que vivem em Londres os querem ''desesperadamente''.
Além disso, muitos deles vão trabalhar na China e nos países do Golfo, onde seus salários disparam.
Um mordomo no Reino Unido ganha entre 30 mil libras (US$ 48 mil) e 80 mil (US$ 128 mil) anuais, dependendo da experiência, e fora do país podem ganhar até 150 mil libras (US$ 240 mil), segundo Vestin.
A figura tradicional do mordomo é a de um trabalhador doméstico, geralmente um homem, encarregado do serviço em uma grande casa, especialmente nos salões, na adega e na despensa.
''Os mordomos de hoje em dia devem ter muitas das habilidades que tinham os do passado, mas também precisam ser pessoas adaptadas às necessidades do mundo atual'' explica Gary Williams, da agência International Butler Institute.
Este mordomo aposentado, que confessa à Efe ter trabalhado para a realeza, chefes de Estado e famosos, viu aumentar a demanda em 25% no último ano e abriu três escritórios na Ásia para fazer frente aos pedidos.
Williams, que vê agora uma linha muito tênue entre o trabalho de um mordomo e o de um assistente pessoal, acredita que suas principais qualidades devem ser ''a flexibilidade, a dedicação e, sobretudo, a capacidade de antecipar-se às necessidades do seu chefe''.
Atualmente, calcula-se que há no Reino Unido mais de 100 mil mordomos trabalhando em hotéis, grandes mansões, iates e companhias que organizam eventos de luxo.
''Trabalho em um iate privado e quero aprender mais sobre o serviço de ''alto standing'''', aponta Thomas Griffiths, um jovem de 21 anos que participa de um dos cursos da Bespoke Bureau em um hotel de Londres.
Os preços variam entre 800 libras (US$ 1.280) e 5 mil libras (US$ 8 mil), e o curso inclui aulas de arranjo de flores, cuidado das roupas e como organizar uma festa.
''Nunca discuta com os patrões. Eles sempre têm razão, ainda que o pedido seja absurdo'', aconselha Prem Rao, um dos professores.
Após mais de 30 anos, George Telford sabe o que é a dedicação a um trabalho que requer muita vocação, mas que também lhe deu a oportunidade de viajar em jato privado e passar longas temporadas em iates.
''Eu queria ser mordomo desde que tinha 11 anos. Minha inspiração foi a série de televisão ''Upstairs, Downstairs'', relata este escocês que já serviu a ricas famílias de todo o mundo e a realezas do Golfo e agora trabalha em um luxuoso hotel da Escócia.
George tem nostalgia dos velhos tempos e assegura que sente saudade de como era seu trabalho antes.
''Vestia-me de maneira apropriada, com luvas brancas e terno. Agora, na realidade, o trabalho é mais o de um assistente pessoal ou secretário que lê e-mails e reserva passagens'', aponta.