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Miró, Picasso e Sorolla não sabem o que é crise financeira

Leilões de artistas espanhóis alcançaram números que confirmam que a arte, se for boa, não entende da crise econômica atual

Obra de Miró no Centre Pompidou-Metz, em Metz, na França (Wikimedia Commons)

Obra de Miró no Centre Pompidou-Metz, em Metz, na França (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2012 às 07h34.

Madri - A tela Estrela Azul, de Juan Miró, acaba de ser leiloado em Londres por US$ 37 milhões, cifra que chama ainda mais atenção pelo atual contexto econômico, no qual obras de outros artistas espanhóis alcançaram números que confirmam que a arte, se for boa, não entende de crise.

Mas o caso de Miró não é isolado, como mostra o leilão de arte impressionista e moderna realizado há alguns dias na casa Christie's de Londres, na qual o óleo Mulher Sentada, de Pablo Picasso, foi cotada em 10,6 milhões de euros (US$ 13,4 milhões) muito acima do preço estimado.

Estrela Azul foi leiloado na terça-feira, dia 19 de junho, na londrina Sotheby's, em um leilão no qual atingiu um preço recorde para uma obra do pintor catalão.

O quadro, descrito pelo próprio Miró como um ponto-chave em sua trajetória artística, incorpora símbolos e elementos surrealistas que o artista repetiria em suas obras e a característica cor azul que influenciaria, além disso, pintores como o letão Mark Rothko e o francês Yves Klein.

Mas esses não são os únicos exemplos de arte como refúgio seguro na crise, como prova a venda, há apenas dois meses, de O Grito, do norueguês Edvard Munch - um dos maiores ícones da história da arte - como a obra de arte contemporânea mais cara de um leilão, ao chegar aos 95 milhões de euros (US$ 120 milhões) durante um leilão na Sotheby's de Nova York.

Munch bateu assim o recorde de um leilão de arte contemporânea arrematado em 2010 por Nu, Folhas Verdes e Busto, na qual Picasso retratava a sua amante Marie-Thérèse Walter, vendido por 83 milhões de euros (US$ 106,5 milhões).

No mesmo leilão de Estrela Azul, o quadro Homem Sentado, de Pablo Picasso, foi vendido por 7,6 milhões de euros (US$ 9,6 milhões), o que confirma que as obras do malaguenho estão entre as mais valorizadas da pintura espanhola.

Assim, a representação de outra das musas e amantes de Picasso, Dora Maar, em Mulher Sentada em uma Poltrona, alcançou recentemente em Nova York os 22,8 milhões de euros (US$ 29,2 milhões).

Mas o florescimento da arte espanhola não atinge apenas os artistas mortos, encontra seu reflexo entre os pintores vivos, como Miquel Barceló e Antonio López, dois dos mais cotados artistas espanhóis.

Há apenas um ano, em junho de 2011, a obra sobre touradas de Miquel Barceló Faena de Muleta era vendida na galeria londrina Christie's por 4,42 milhões de euros (US$ 5,6 milhões).


Barceló batia assim o recorde anterior em uma venda em leilão de um artista vivo espanhol, Antonio López, cuja obra Madri Desde Torres Brancas, pintada entre 1976 e 1982, recebeu em 2007 o lance de 1,74 milhão de euros (US$ 2,2 milhões) na mesma galeria.

Entre os pintores nacionais mais cotados fora das fronteiras espanholas está Juan Gris (1887-1927), com a venda de obras como Violon et guitare, por 20,1 milhões de euros (US$ 25,5 milhões) em Nova York, há um ano e meio.

Mas indubitavelmente um dos mais conhecidos é o pintor da luz, o valenciano Joaquín Sorolla, do quem acabam de leiloar Pescadores. Barcas Varadas e Pescador de Bagatelas por 1,15 milhão de euros (US$ 1,4 milhão) e mais de 595 mil euros (US$ 744 mil), respectivamente.

Os compradores de ambas as obras-primas, colecionadores particulares dos Estados Unidos e da Ásia, adquiriram telas pintadas no período de maturidade do autor, entre 1908 e 1910, quando retornou a Valência após ter atingido sucesso internacional.

Outros quadros do mestre valenciano, como O Pescador, também alcançaram, com 3,9 milhões de euros (US$ 4,9 milhões), preços de venda acima do máximo estimado, da mesma forma que Crianças na Praia, leiloado por 2,3 milhões de euros (US$ 3 milhões).

No entanto, nem todos os momentos são bons para a arte, como aconteceu em junho de 2010 com o leilão de dois quadros de Sorolla, O Batismo, de costumes, e a paisagem Dia de Tempestade.

Ambos foram vendidos em Londres pelo preço mínimo estimado pela Sotheby's, 800 mil euros (US$ 1 milhão) e 180 mil euros (mais de US$ 227 mil), respectivamente, em um leilão dedicado à pintura europeia, que teve resultado decepcionante para a coleção espanhola.

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