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Como a relação dos Millennials com os carros está mudando

Uma enquete da EY com 3.300 consumidores em nove países descobriu que 32% das pessoas que não tinham veículos disseram que pretendem comprar um

Carros: com a pandemia, o interesse por comprar carros cresceu entre os mais jovens.  (Hollie Adams/Bloomberg)

Carros: com a pandemia, o interesse por comprar carros cresceu entre os mais jovens. (Hollie Adams/Bloomberg)

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Matheus Doliveira

Publicado em 4 de julho de 2021 às 07h18.

Apenas alguns anos atrás, as gerações Millennial e Z escreviam obituários para automóveis, seguindo o argumento de que se mudariam para cidades com mais opções de transporte público e serviços como Uber. Além disso, a preocupação com o impacto negativo ao meio ambiente impedia jovens de comprá-los.

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Então veio a pandemia. Agora, à medida que o mundo se recupera, os preços dos carros usados e o tempo de espera para fazer test drives disparam. Busca por rotas de carro também aumenta, enquanto consultas para transporte público despencam. Uma enquete da EY com 3.300 consumidores em nove países descobriu que 32% das pessoas que não tinham veículos disseram que pretendem comprar um carro nos próximos seis meses. Cerca de metade desses compradores potenciais eram da geração Y.

“Se não fosse pela pandemia, eu não teria pensado em comprar um carro”, disse Georgios Basdanis, um médico de 32 anos que mora em Londres e comprou um Mini usado com 10.000 milhas por £ 11.250, financiado ao longo de dois anos.

Sua visão mudou com a Covid-19, quando pegar o transporte público no auge do surto no Reino Unido era uma experiência que gerava ansiedade. Ser capaz de dirigir sozinho parecia muito mais seguro.

Ele teria adorado ter um carro elétrico, mas diz que o veículo e o seguro eram muito caros. Ao contrário da China, onde você pode comprar um novo veículo elétrico básico por cerca de US$ 4.500, essa opção tende a ser mais cara nos mercados ocidentais do que carros a gasolina.

Agora totalmente vacinado, Basdanis diz que provavelmente voltará a pegar metrô diariamente. Mas isso não significa que ele venderá o carro.

No entanto, essa mudança também é um desafio direto para as políticas públicas pré-pandemia. Por décadas, as autoridades em todo o mundo têm pressionado para tentar tirar as pessoas de seus carros e colocá-las no transporte público, tanto para acomodar o crescimento da população da cidade quanto para reduzir a poluição do ar -- ainda um grande problema de saúde mesmo em países desenvolvidos.

Não é apenas no Ocidente que as atitudes mudaram. No Japão, onde em tempos pré-pandêmicos mais de 10 milhões de pessoas por dia lotavam as linhas de metrô de Tóquio, o interesse por automóveis cresce. O número de novas carteiras de habilitação aumentou em 2020 pela primeira vez em oito anos, segundo a Agência Nacional de Polícia do país, grande parte desse crescimento veio de pessoas na faixa dos 20 e 30 anos. O tempo de espera para fazer um test drive mais do que dobrou.

Montadoras respondem às ansiedades da pandemia e degradação ambiental com reforços no marketing. Ford, por exemplo, apresenta seu Lincoln SUV como um carro que pode fornecer um “santuário” com iluminação serena, aromaterapia e o que um designer da empresa chama de “experiências no veículo que não envolvem dirigir”.

Ao mesmo tempo, fabricantes de automóveis tradicionais anseiam para exibir suas credenciais verdes. Na sexta-feira, a BMW AG iniciou a produção em série de seu SUV iX em uma fábrica perto de Munique, com portfólio sustentável.

 

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