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Mikonos, a "ilha fantasma" à espera dos turistas

Apesar de a Grécia já estar em uma fase de desconfinamento, e suas lojas poderem abrir desde 11 de maio, turismo da ilha ainda sofre

Mikonos: turismo representa 12% do PIB da Grécia (Westend61/Getty Images)

Mikonos: turismo representa 12% do PIB da Grécia (Westend61/Getty Images)

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AFP

Publicado em 15 de maio de 2020 às 16h26.

Última atualização em 15 de maio de 2020 às 16h29.

A temporada turística já começou, mas, ao desembarcar em Mikonos, o panorama é impressionante: geralmente cheia de estrangeiros endinheirados, a popular ilha grega se transformou em um território fantasma de becos desertos e lojas fechadas.

Da janela do avião, alguns moradores e jornalistas - os únicos autorizados a desembarcar na ilha desde o início da pandemia de coronavírus - observam as casas cicládicas banhadas pelo sol, com as janelas fechadas, e as piscinas, vazias.

Apesar de a Grécia já estar em uma fase de desconfinamento, e suas lojas poderem abrir desde 11 de maio, Mikonos parece "uma cidade fantasma, não há ninguém nas ruas, é horrível", disse Lorraine McDermott à AFP, que há 26 anos vive nessa ilha do mar Egeu.

"Normalmente, tem gente, barulho e música em todos os lugares, uma circulação enorme", lembra esta irlandesa, casada com um grego, que aluga quatro quartos no labirinto de becos da antiga cidade de Mikonos.

Em 65 anos de atividade, "nunca vi um deserto como esse", afirma Nikos Degaitis, de 86 anos, sentado em um degrau de sua loja de lembranças de viagem, a mais antiga de Mikonos.

"Tenho medo de abrir minha loja, atender clientes e vender um ímã", lamenta o velho. "Não suporto usar máscara [...] prefiro tê-la fechada e dormir em paz", comenta.

"As regras são muito severas. Como respeitar as medidas [de distanciamento social] em uma ruazinha tão estreita?", pergunta seu neto, George Dasouras, que trabalha nos negócios da família.

"Tudo vai depender do número de clientes", diz Vassilis Theodoropoulos, que também não pensa em reabrir seu hotel no final de junho, quando estará autorizado a fazer isso.

"E se houver um caso COVID-19 no hotel e eu tiver que fechar, e isso acontecer o tempo todo, durante toda a temporada?", questiona, preocupado.

Até agora, o coronavírus deixou 152 mortos no país. Apenas dois casos de contágio foram registrados na ilha.

Ano perdido

Na famosa praia "Paradise", território privilegiado do "jet set" todos os anos, você pode ouvir o canto dos pássaros, em lugar dos alto-falantes do clube de praia Tropicana que geralmente ressoam.

"Está completamente vazio", suspira Damianos Daklidis, de 24 anos, dono do clube e do hotel de luxo nas proximidades, que acaba de ser "completamente reformado".

Nesta sexta-feira, Atenas deve anunciar uma série de medidas para tranquilizar os turistas, na tentativa de recuperá-los o mais rápido possível, seja por via aérea, ou marítima.

"Teremos turistas, apenas não sabemos quantos", disse o porta-voz do governo, Stelios Petsas.

Ontem, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis prometeu "encontrar uma maneira de trazer as pessoas de volta com total segurança" e disse que os turistas podem começar a chegar ao país "a partir do final de julho".

"Os cruzeiros não chegarão, eles são o alvo favorito do vírus", diz a guia turística Ariadne Voulgari, prevendo um ano "perdido".

"Se Mikonos não funcionar, toda Grécia será afetada", acrescenta ela.

O turismo representa 12% do PIB da Grécia. De acordo com a pasta responsável, a receita do setor no país cairá de 18 bilhões para 8 bilhões de euros.

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