#MeToo: mulheres mais pobres ainda são relutantes em denunciar abusos por medo de serem responsabilizadas, diz pesquisa (Lucy Nicholson/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de março de 2018 às 17h02.
Londres - Um movimento global para acabar com o assédio sexual contra mulheres irá provocar mudanças, mas não para todo mundo, com mulheres mais pobres ainda relutantes em denunciar abusos por medo de serem responsabilizadas, indicaram uma pesquisa de opinião e especialistas em direitos da mulher em cinco continentes.
Antes do Dia Internacional da Mulher em 8 de março, a Thomson Reuters Foundation perguntou a pessoas no Reino Unido, Estados Unidos, Quênia, Índia e Brasil se o movimento #MeToo que está dominando manchetes por todo o mundo realmente significa mudanças para as mulheres.
Algumas pessoas disseram que agora se sentem mais confiantes para falar sobre abuso, mas outras afirmaram temer repercussões e algumas disseram que a campanha não conseguiu ter efeito em seus países.
O ano passado foi essencial para os direitos das mulheres, depois que acusações de assédio sexual feitas contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein desencadearam a campanha #MeToo, com mulheres usando as redes sociais e indo às ruas para revelar suas próprias experiências com abuso.
Uma em cada três mulheres em todo o mundo sofreu alguma violência física ou sexual, em sua maioria por alguém que elas conheciam, segundo a ONU Mulheres.
"(A campanha) fez as pessoas perceberem que o assédio sexual tem sido uma regra social, e agora as pessoas estão reconhecendo que isso não é ok", disse Ruth McCabe, de 32 anos, que administra um negócio que reduz desperdício de comida em Londres.
"Uma campanha como essa traz à tona o fato de que a cada segundo uma mulher está passando por isso, independentemente se você é a CEO de uma companhia ou uma empregada doméstica", disse a empresária de 42 anos Suman Chhabria Addepalli, em Mumbai.
A vendedora de loja brasileira Talita Célia e Silva, de 29 anos, disse que muitas mulheres continuam tendo medo de denunciar seus abusadores.
"Nós não sabemos até onde (o movimento) irá...Eu acho que ainda há muitas mulheres que sofrem e que têm medo de falar", disse Talita, no Rio de Janeiro.
Uma pesquisa da Thomson Reuters Foundation em fevereiro apontou que mais de 120 funcionários de cerca de 20 importantes instituições de caridade globais foram demitidos ou perderam seus empregos em 2017 por má conduta sexual.