Lionel Messi, da Argentina, e Emil Hallfredsson, da Islândia, disputam bola na Copa do Mundo 2018 no dia 16 de junho em Moscou, Russia (Gabriel Rossi/Getty Images)
EFE
Publicado em 16 de junho de 2018 às 12h44.
Última atualização em 16 de junho de 2018 às 12h45.
Moscou - Estrear na Copa do Mundo contra a Argentina de Lionel Messi é uma missão difícil para qualquer seleção, mas a Islândia surpreendeu até o mais otimista de seus torcedores e talvez o mais pessimista dos argentinos ao empatar neste sábado com a 'Albiceleste' por 1 a 1, na Otkrytiye Arena, em Moscou, com direito a pênalti perdido pelo craque do Barcelona.
Depois de encantarem o mundo com um futebol aguerrido e uma grande festa "viking" nas arquibancadas ao chegarem às quartas de final da Eurocopa de 2016, os islandeses provaram que podem repetir a dose na Rússia. E com um roteiro que nem o goleiro Hannes Halldórsson, cineasta fora dos gramados, poderia imaginar.
A Argentina abriu o placar com Agüero, aos 19 minutos do primeiro tempo, mas a Islândia igualou com Alfred Finnbogason, aos 23, craque de um elenco com vários semiprofissionais.
Na etapa final, a Argentina pressionou, se aproveitando do recuo da Islândia, mas não conseguiu furar o bloqueio defensivo montado pelo adversário. A chance de vencer surgiu em cobrança de pênalti, aos 18 minutos. Messi bateu e Halldórsson defendeu.
Com o empate, as duas seleções passaram a dividir a liderança do grupo D, com um ponto cada. Croácia e Nigéria, que completam a chave, ainda jogam neste sábado (às 16h de Brasília), no Estádio Kaliningrado.
Pressionada, a Argentina vai encarar os croatas na segunda rodada, no Estádio Nizhny Novgorod. Já a Islândia tentará a primeira vitória em Mundiais contra os nigerianos, na Volgogrado Arena.
Para a estreia no Mundial, o técnico Jorge Sampaoli definiu o time na estreia, com escolhas polêmicas. Agüero ganhou a batalha com Higuaín e foi o escalado ao lado de Messi no ataque. Pela ponta direita, Meza foi o escolhido pelo treinador, que deixou nomes como Dybala, Lo Celso e Banega no banco de reservas.
Pela Islândia, o técnico - e dentista de profissão - Heimir Hallgrimsson escalou força máxima. A principal aposta de gols era o atacante Alfred Finnbogason, que atua no Augsburg, da Alemanha.
Apesar do favoritismo argentino, a Islândia começou o jogo dominando as ações, imprimindo um ritmo forte e veloz, e criou a primeira chance de perigo aos 9 minutos. Depois de pressão na saída de bola, Rojo recuou na fogueira para Caballero, que afastou mal. A bola sobrou para Bjarnason, que bateu ao lado do gol argentino.
Para conter Messi, a valente seleção islandesa entrou em campo com um forte esquema defensivo e recuou depois de pressão nos minutos especiais. Quando pegava na bola, o craque argentino era acompanhado por pelo menos dois jogadores, em zona, e tinha dificuldades para encontrar companheiros livres.
No entanto, no primeiro espaço que teve no jogo, Messi assustou. Em uma jogada típica, o craque arrancou pelo meio, limpou a marcação e soltou uma bomba, forçando Halldórsson a fazer grande defesa.
Na sequência, o goleiro islandês nada pode fazer. Aos 18 minutos, Rojo arriscou de longe, sem direção. Oportunista, Agüero interceptou o chute na área e bateu no ângulo, sem chances de defesa.
Foi o primeiro gol do atacante do Manchester City em Copas. Nas outras duas edições, em oito jogos, passou em branco.
A Islândia respondeu cinco minutos depois, aos 23. Sigurdsson avançou pela direita e chutou cruzado, Caballero fez boa defesa, mas rebateu para o meio da área. Finnbogason, artilheiro da equipe, não perdoou e tocou para o gol livre, marcando o primeiro gol da seleção do país em Copas do Mundo.
Depois dos gols, o jogo ficou truncado. Bem compactada, a Islândia só dava oportunidade para a Argentina arriscar de fora da área, mas os hermanos pecavam nas finalizações. Fortes fisicamente, os islandeses ainda tinham fôlego para provocar tensão na defesa da 'Albiceleste' nos contra-ataques, mas sem assustar Caballero.
Aos poucos, o jogo virou praticamente um treino de ataque contra a defesa. Dos 35 minutos em diante, a Islândia recuou demais, e a Argentina atuou praticamente com todos os jogadores à frente do meio-campo. Ainda faltava criatividade para furar "muro viking".
Perto do fim, os argentinos reclamaram de pênalti após cruzamento de Salvio. Magnússon fez o corte com os pés, mas, na sequência, a bola bateu no braço do lateral-esquerdo islândes. O árbitro mandou lance seguir e marcou escanteio.
A velha máxima do futebol quase se fez presente aos 44, para desespero de Diego Maradona, presente nos camarotes da Otkrytiye Arena. Sigurdsson invadiu a área, limpou a marcação e chutou no canto. Caballero rebateu para o meio de novo, mas a zaga da Argentina estava atenta e conseguiu afastar o perigo.
Na volta para o segundo tempo, a Islândia repetiu a tática do início da partida, pressionando os argentinos, muito mal defensivamente. Aos 5 minutos, Árnasson ganhou da zaga e cabeceou após cruzamento. A bola bateu na mão de Salvio, ainda na disputa pelo alto, mas a arbitragem nada marcou.
No ataque, Messi seguia apagado. Isolado, o craque até conseguia se livrar dos defensores islandeses em arrancadas. Na hora do passe, porém, não encontrava companheiros livres.
Para solucionar o problema de movimentação no setor ofensivo e tentar ganhar o jogo, Sampaoli mexeu aos 8 minutos. Banega entrou em campo no lugar de Biglia e mostrou mais força no ataque do que o volante no primeiro lance.
Messi puxou da direita para o centro aos 14 minutos, viu a aproximação do meia e tocou. Banega bateu, mas foi bloqueado.
A chance que não era criada com a bola rolando veio em um pênalti polêmico três minutos depois, aos 17, quando Meza tropeçou em Magnússon e caiu na área. Messi pegou a bola, ajeitou no capricho, bateu no canto e perdeu. Halldórsson, que também é cineasta, se esticou e fez uma defesa digna de filme.
Mais do que satisfeito com o resultado, Heimir recuou ainda mais a Islândia, colocando o lateral-esquerdo Skúlason no lugar do meia Gunnarson para montar uma linha de cinco defensores. Pela Argentina, Sampaoli tirou Di María, apagado no jogo, para a entrada de Pavón.
Apesar do pênalti perdido, Messi começou a aparecer mais do jogo, mas sempre acompanhado de perto por algum islandês. Aos 32 minutos, Banega lançou o craque, nas costas da zaga. Árnason, esperto no lance, apareceu para fazer a cobertura e cortou antes do chute.
Aos 36 minutos, Messi pegou pela direita, costurou a zaga e bateu com precisão no canto, cena que já se repetiu inúmeras vezes no Barcelona com um mesmo final: gol. Não contra a Islândia. A bola do craque passou caprichosamente ao lado da trave.
Sampaoli foi para o tudo ou nada dois minutos depois, colocando Higuaín no lugar de Meza. Aos 41, Pavón recebeu da esquerda e bateu com firmeza, mas Halldórsson voou para fazer a defesa. Mascherano tentou na sequência e parou mais uma vez no goleiro islandês.
Aos 46, Messi teve mais uma chance. O craque do Barcelona conseguiu abrir espaço para a finalização, apesar de todos os islandeses estarem dentro da área, e chutou com força. A bola saiu à esquerda do gol, sem assustar Halldórsson.
A última chance do jogo veio aos 49. Messi superou dois adversários e sofreu falta na intermediária. Na cobrança, o craque argentino errou mais uma vez e acertou a barreira.
Ficha Técnica:.
Argentina: Willy Caballero; Eduardo Salvio, Nicolás Otamendi, Marcos Rojo e Nicolás Tagliafico; Javier Mascherano, Lucas Biglia (Ever Banega), Maximiliano Meza (Gonzalo Higuaín), Angel Di María (Cristian Pavón) e Lionel Messi; Sergio Agüero. Técnico: Jorge Sampaoli.
Islândia: Hannes Halldórsson; Birkir Saevarsson, Kári Árnason, Ragnar Sigurdsson e Hordur Magnússon; Johann Gudmundsson (Rurik Gíslasson), Aron Gunnarsson (Ari Skúlason), Gylfi Sigurdsson, Johann Gudmundsson, Emil Hallfredsson e Birkir Bjarnason; e Alfred Finnbogason (Bjorn Sigurdarson). Técnico: Heimir Hallgrimsson.
Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia), auxiliado pelos compatriotas Pawel Sokolonicki e Tomasz Listkiewicz.
Gols: Aguëro (Argentina); Finnbogason (Islândia).
Estádio: Otkrytiye Arena, em Moscou. EFE