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Messi, Cristiano Ronaldo e outros craques terão salários reduzidos

O corte da folha de pagamento em clubes como Barcelona e Juventus é reflexo direto do coronavírus no esporte -- e das finanças pouco organizadas dos clubes

Messi: no Barcelona, mais da metade da receita vem dos ingressos dos jogos, exploração comercial do estádio e outros direitos comerciais (Quality Sport Images / Contributor/Getty Images)

Messi: no Barcelona, mais da metade da receita vem dos ingressos dos jogos, exploração comercial do estádio e outros direitos comerciais (Quality Sport Images / Contributor/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2020 às 07h38.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 02h48.

Leo Messi ganha do Barcelona um salário de 8,3 milhões de euros por mês, segundo estimativa recente do jornal L’Equipe. Mas seu contracheque pelos próximos tempos apresentará um valor bem menor: cerca de 2,5 milhões. Assim como o resto do time, o craque argentino aceitou reduzir em 70% seus rendimentos enquanto durar a crise causada pelo coronavírus. A medida começou a valer esta semana e é retroativa ao dia 14 de março.

Além da diminuição na folha, os jogadores concordaram em fazer um aporte de 2% dos salários para ajudar a pagar integralmente todos os funcionários do clube catalão. A decisão também vale para os atletas das demais modalidades do Barcelona – além do time de futebol feminino, futebol de salão, basquete, handball e, hóquei sobre patins. Por mês, isso significará uma economia de 14 milhões de euros por mês relativa ao salário da equipe principal e 2 milhões de euros dos demais times, segundo declarações do presidente do clube Josep Maria Bartomeu ao jornal El Mundo Deportivo.

Outros times europeus adotaram medidas semelhantes. A Juventus, onde joga o português Cristiano Ronaldo, vai economizar cerca de 90 milhões de euros depois que os jogadores concordaram em deixar de receber seus vencimentos entre os meses de março e junho.

Na Premier League, da Inglaterra, o acordo está sendo costurado com o sindicato dos jogadores profissionais, que avalia um corte de 20% dos salários, num total de 110 milhões de euros por mês, segundo o jornal Daily Mail. Na sexta-feira, dia 3, os diretores dos clubes ingleses discutirão essas e outras possíveis medidas por videoconferência. O presidente do Tottenham, Daniel Levy, já anunciou um corte salarial de 20% para 550 funcionários por causa da paralisação do futebol pela pandemia. A medida não se aplica a jogadores e comissão técnica e será aplicado nos meses de abril e maio.

Na Alemanha, os jogadores de times como Bayern, Borussia Dortmund, Borussia Moenchengladbach, Schalke, Friburgo, Colônia e Union Berlin terão um desconto entre 20% e 30% das folhas.

Por trás das medidas de contenção se encontra a má situação financeira dos clubes em meio ao coronavírus. Para cada 1 dólar gasto com ligas esportivas, a receita gerada pode ser de 2,5 dólares, segundo cálculos da consultoria Sports Value. Sem os jogos, os times (de futebol e em outros esportes) terão meses difíceis pela frente.

No Barcelona, mais da metade da receita vem dos ingressos dos jogos, exploração comercial do estádio e outros direitos comerciais. A diretoria calcula, portanto, um prejuízo de 140 milhões de euros pela ausência dos próximos jogos como medida para impedir a propagação do coronavírus. A folha salarial do clube, de 390 milhões de euros anuais, é a mais onerosa da Europa. Os números provocaram tensão entre a diretoria e o elenco do Barcelona, que se sentiu pressionado a aceitar o acordo.

Na Itália, os clubes de futebol já se encontravam em situação difícil mesmo antes do coronavírus. Os times italianos fecharam a temporada 2018-2019 com uma receita de 2,7 bilhões de euros e um gasto de 3,5 bilhões de euros – uma diferença, portanto, de cerca de 800 milhões. A Juventus, o time mais rico da Série A, teve um saldo negativo de 42 milhões de euros. A Inter de Milão vem atrás, com um rombo de 30 milhões.

As reduções de salários começam a chegar também ao Brasil. Ceará, Fortaleza, Grêmio e Atlético Mineiro já decidiram também reduzir os salários dos elencos. Os clubes entraram em acordo com jogadores e o sindicato da categoria. Ceará e Fortaleza vão pagar 75% do valor dos vencimentos referentes a março no próximo dia 20 de abril. Os 75% de direitos de imagem serão acertados no último dia do mês. Os 25% restantes dos dois contratos serão parcelados a partir de julho. O Grêmio não comenta percentual de desconto.

Os demais times da Série A do Campeonato Brasileiro consideram a possibilidade, mas não têm decisão tomada. A CBF propõe passar o início do campeonato brasileiro de maio para julho e os times já contam com perda na arrecadação de transmissão por pay-per-view, entre outras fontes de receita.

Como em tantos outros setores da economia, a Covid-19 veio apenas precipitar uma situação que já se mostrava insustentável no futebol – e que em algum momento terá de ser revertida.

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