Casual

Mercado de 700 anos de Bagdá em busca da renovação

Multidão de clientes dirigia-se ao mercado para comprar açúcares e os ingredientes necessários aos pratos especiais que consagram o Ramadã

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2012 às 16h05.

Bagdá - O mercado de Shorjah em Bagdá foi, durante séculos, um local privilegiado onde se podia encontrar os pratos preferidos dos bagdalis durante o mês de Ramadã. Mas há um ano de sua reabertura, após anos de violência, ainda pena para reencontrar o brilho de então.

O Ramadã, mês durante o qual os fiéis são chamados a se abster de bebidas, alimentos, de fumar e manter relacionamento sexual, do alvorecer ao pôr do sol, reaviva lembranças de tempos melhores entre os comerciantes locais.

Abou Issam passou 50 anos de sua vida trabalhando neste mercado construído num bairro histórico da capital há mais de 700 anos, durante a era abácida - relativo a uma dinastia muçulmana de califas, descendente de Al-Abbas (tio do profeta Maomé), cujo primeiro governante foi Abu Abbas, e que reinou em Bagdá de 750 a 1258.

"Shorjah era um porto para todos os iraquianos", explica Abou Issam, que, aos 70 anos, vende aí arroz e cereais desde 1956. Para todos os moradores da capital, na época, "era aqui que começava o Ramadã".

Multidão de clientes dirigia-se ao mercado para comprar açúcares e os ingredientes necessários aos pratos especiais que consagram este período sagrado para os muçulmanos e que as famílias e amigos partilham à noite, após o jejum.

Mas o coração do mercado, o mais antigo sítio comercial de Bagdá, não bate mais como antes, reconhece o comerciante.

No momento da invasão de 2003, Shorjah foi palco de combates violentos entre os exércitos americano e iraquiano. Mais tarde, os soldados americanos acuavam os insurgentes que se escondiam no setor.

As dependências do mercado, situadas num entrelaçamento de ruas acessíveis apenas a pedestres ou charretes puxadas por asnos, ficaram fechadas de 2007 ao verão de 2010, em meio à violência também de caráter religioso que abalava então o Iraque.

Esse passado ainda não foi apagado: hoje, muros espessos de cimento protegem os acessos de bombas eventuais. Mas não é o único problema.

"Hoje, o mercado vive uma época de desafios à segurança e de preços elevados, controlados pelos importadores, que os aumentam no início de cada Ramadã", lamenta Abou Issam.

O problema da inflação está presente nas conversas. Segundo as Nações Unidas, os preços dos gêneros de primeira necessidade dobraram no Iraque, entre 2004 e 2008.

Doces tradicionais iraquianos estão presentes nas barracas do mercado popular de Bagdá

"Os preços subiram muito e sobem ainda mais agora, com o início do Ramadã", confirma Ahmed Assim al-Dabbagh, professor universitário. "Mas, apesar disso, Shorjah permanece um símbolo do comércio: possui belas tradições e bonitos suvenires", destaca.

Outro problema para os proprietários das barracas: o toque de recolher, que impede os clientes de virem se abastecer antes do pôr do sol.

"Antigamente, costumávamos nos visitar bem cedo, antes do início do jejum", conta Shihab Ahmed, um outro professor. "Mas agora, não podemos mais, por causa do toque de recolher e da situação geral de insegurança", lamenta.

Outro inconveniente é o calor que faz em Bagdá há mais de uma semana, desencorajando os clientes, lamenta um outro proprietário de loja. As temperaturas em Bagdá ficaram próximas dos 50°C durante vários dias.

Acompanhe tudo sobre:BagdáOriente MédioTurismo

Mais de Casual

O dia em que joguei tênis na casa do Ronaldo Fenômeno

Torra fresca: novidades para quem gosta de café

Leilão de relógios de luxo tem Rolex com lance a partir de R$ 50

O carro mais desejado do Brasil até R$ 150 mil, segundo ranking EXAME Casual