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"Mein Kampf" será publicado pela primeira vez desde guerra

"Queremos mostrar claramente a que ponto este livro, com consequências catastróficas, é absurdo", destacou sobre a obra que serviu de base à política do III Reich

Dez milhões de exemplares em alemão foram editados até 1945, segundo o historiador Ian Kershaw (©AFP/Archives / Carl de Souza)

Dez milhões de exemplares em alemão foram editados até 1945, segundo o historiador Ian Kershaw (©AFP/Archives / Carl de Souza)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2012 às 17h13.

Berlim - O livro de Adolf Hitler, "Mein Kampf", será publicado pela primeira vez desde a guerra na Alemanha, numa versão comentada prevista para 2015, anunciou nesta terça-feira o Estado regional da Baviera, que detém os direitos, segundo a agência alemã DPA.

O ministro das Finanças da Baviera, Markus Söder, anunciou que a decisão foi tomada depois de muitas discussões, principalmente com juristas, a fim de desmistificar esta obra que mistura elementos autobiográficos e fundamentos da ideologia nazista.

"Queremos mostrar claramente a que ponto este livro, com consequências catastróficas, é absurdo", destacou sobre a obra que serviu de base à política do III Reich.

O objetivo é também tornar "pouco atraentes, do ponto de vista comercial", as futuras publicações.

Até 2015, o Estado regional da Baviera detém os direitos de "Mein Kampf" ("Minha Luta"), redigido por Adolf Hitler durante sua prisão, em 1924, após uma tentativa de golpe de Estado.

A obra deve cair no domínio público no final de 2015, ou 70 anos após a morte de Adolf Hitler. A partir de 2016, será possível reproduzir o livro sem o consentimento do Estado bávaro, exceto nos casos "de incitação ao ódio racial", precisou Söder.

A Baviera tem bloqueado, até o momento, qualquer reedição integral ou parcial, para evitar uma exploração eventual do texto por grupos neonazistas.

No início de março, uma revista editada pela britânica Peter McGee, "Zeitungszeugen", quis republicar passagens controversas da obra, mas a justiça alemã proibiu, considerando que o projeto serviria aos ideais do ditador.

A iniciativa de McGee foi motivo de várias reações, entre elas a do presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha Dieter Graumann, que informou não se opor com veemência ao projeto.

"Melhor seria que não fosse publicado mas, neste caso, é preciso que saia acompanhado de comentários pedagógicos por parte de historiadores", disse à AFP.

Dez milhões de exemplares em alemão foram editados até 1945, segundo o historiador Ian Kershaw.

A partir de 1936, o livro "Mein Kampf" era dado de presente de casamento pelo Estado aos casais alemães.

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