Meghan Markle, Duquesa de Sussex. (Phil Noble - Pool/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 17h35.
Meghan Markle, esposa do príncipe Harry, ganhou nesta quinta-feira (11) a ação no Reino Unido contra a empresa editora do Mail on Sunday, jornal sensacionalista que ela denunciou por invasão de privacidade após publicar uma carta que escreveu ao seu pai.
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O juiz Mark Warby da Alta Corte de Londres decidiu que a duquesa de Sussex, de 39 anos, "tinha uma expectativa razoável de que o conteúdo da carta permaneceria no âmbito privado". Os artigos do Mail on Sunday "interferiram nessa expectativa" e são ilegais, afirmou.
Tentando evitar um processo altamente midiático, os advogados de Meghan pediram ao magistrado que emitisse uma "sentença sumária", um procedimento que na lei anglo-saxônica permite que um caso seja resolvido sem julgamento.
Warby considerou "no entanto, que deveria haver um julgamento limitado às questões relacionadas à propriedade dos direitos autorais", uma das acusações apresentadas pela duquesa, e marcou uma nova audiência para 2 de março, de modo que considera-se uma vitória apenas pela metade.
“Para estas publicações é um jogo. Para mim e muitos outros, é a verdadeira vida, verdadeiras relações e uma verdadeira tristeza. Os danos que causaram e continuam a causar são profundos”, reagiu a Duquesa, que denuncia “práticas desumanas". "Você não pode pegar a vida privada de alguém e explorá-la ... de uma forma vergonhosa por dois anos", acrescentou.
Meghan, de 39 anos, moveu uma ação legal contra o grupo Associated Newspapers, editor do jornal Daily Mail, sua versão dominical Mail on Sunday e a web Mail Online, por publicar trechos de uma carta enviada ao polêmico Thomas Markle, de 76 anos.
A carta foi escrita em agosto de 2018, poucos meses depois de Meghan se casar com o príncipe Harry, neto de Elizabeth II, e nela pedia a seu pai que parasse de falar com a imprensa e de fazer falsas alegações sobre ela nas entrevistas.
Seu advogado, Justin Rushbrooke, argumentou durante o processo que a carta era "evidentemente privada" e que um julgamento completo não era necessário. "É uma grande vitória para a duquesa de Sussex" que "pode dizer que ela estava certa, que a carta era privada e nunca teve que ser publicada", disse à AFP Mark Stephens, advogado especializado em mídia.
"Trazer a luz" sobre suposta "estratégia midiática"
Mas os advogados da Associated Newspapers argumentaram que as testemunhas precisam ser chamadas para "trazer a luz" sobre se Meghan planejou que a carta se tornasse pública como parte de uma "estratégia midiática".
E a organização sugeriu que ex-membros da equipe de comunicação dos duques de Sussex pudessem testemunhar, tornando públicos detalhes potencialmente comprometedores sobre as vidas do príncipe e de sua esposa, primeiro membro de origem negra a fazer parte da família real britânica, que nunca escondeu sentir-se desconfortável em meio aos rigores protocolos da monarquia britânica.
"A carta não dizia que me amava. Nem perguntava como eu estava. Não demonstrava preocupação pelo fato de eu ter sofrido um ataque cardíaco e não fazia perguntas sobre minha saúde", afirmou Thomas Markle em uma declaração escrita ao juiz no final de janeiro. "Na verdade, isso sinalizou o fim de nosso relacionamento", acrescentou ele, dando uma prévia do que poderia acontecer se os dois se enfrentarem em um julgamento em Londres.
Os advogados de Meghan negaram que ela pretendesse tornar a carta pública a qualquer momento, ou que tenha colaborado com os autores da biografia "Finding Freedom", que narra o afastamento dramático do casal frente a monarquia britânica, e que também continha trechos parciais da carta.
Meghan e Harry deixaram suas funções reais em março do ano passado e agora vivem na Califórnia. Eles iniciaram uma série de ações legais contra a mídia alegando invasão de privacidade, mencionando as fotos de seu filho Archie tiradas pelos paparazzi.
Isso gerou críticas, já que o casal está lançando projetos de grande repercussão pública, como um podcast do Spotify no qual seu filho fez uma breve aparição.
O príncipe Henry aceitou neste mês uma indenização da Associated Newspapers por falsas acusações de que ele não manteve contato com os Royal Marines depois de deixar o Reino Unido.