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Médico diz que carboidrato mata cérebro e gordura faz bem

Autor da “dieta da mente” afirma que carboidratos são culpados por maior incidência de doenças neurológicas, como o Alzheimer

"Dieta da mente" demoniza até mesmo grãos "saudáveis" ou alimentos feitos a partir deles (Fernando Frazão / Veja Rio)

"Dieta da mente" demoniza até mesmo grãos "saudáveis" ou alimentos feitos a partir deles (Fernando Frazão / Veja Rio)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2014 às 14h11.

Última atualização em 13 de março de 2017 às 17h44.

São Paulo – O carboidrato já foi declarado como o vilão em diversas dietas que visam o emagrecimento, como a “da proteína”. Mas um programa alimentar proposto pelo neurologista e nutricionista americano David Perlmutter prega que alimentos ricos nesse nutriente – principalmente os que contêm glúten – não só engordam como também matam o cérebro aos poucos.

A ideia alarmante – e polêmica – foi esmiuçada no livro “A Dieta da Mente: A surpreendente verdade sobre o glúten e os carboidratos – os assassinos silenciosos do seu cérebro” (editora Paralela).

Na obra, o médico cita diversos estudos científicos que apontam uma relação entre o consumo de alimentos como trigo, aveia, cevada e seus derivados e o desenvolvimento de doenças degenerativas como o Alzheimer, depressão, enxaqueca, entre outras.

Esses e vários outros problemas, segundo Perlmutter, surgem devido ao alto potencial inflamatório dos itens com glúten, como pães, bolos, biscoitos e cerveja. Essa relação entre carboidrato (açúcar) e distúrbios cognitivos é tamanha que o neurologista não teme dizer que o Alzheimer é, na verdade, um novo tipo de diabetes.

A justificativa está também no fato de que pessoas com diabetes tipo 2 têm mais chances de ter Alzheimer do que quem é saudável. A ousada proposta de sua dieta é voltar a comer da forma como nossos ancestrais do período Paleolítico, com um cardápio predominantemente composto por gorduras (75%) e proteínas (20%) e pouquíssimos carboidratos (5%).

A diferença é chocante, se comparada com a dieta que predomina atualmente, de 60% de carboidratos, 20% de gordura e 20% de proteínas.

A ideia que ele propõe inclui eliminar inclusive grãos considerados saudáveis, como os integrais, e a permissão de comidas demonizadas, como aquelas ricas em colesterol – que, para ele, é quase que inofensivo, para o desespero dos cardiologistas.

De acordo com o regime descrito no livro, isso vale não só para quem tem sensibilidade ao glúten, mas para todas as pessoas. Segundo o autor, não há risco de aumentar as gorduras do corpo, se ele não estiver sob os efeitos negativos dos carboidratos.

Perlmutter afirma, no livro, que a inflamação causada por esses nutrientes desencadeia um processo de oxidação no organismo e é precisamente o LDL (conhecido como colesterol ruim) oxidado que provoca o acúmulo de gordura nas artérias. Em um corpo não inflamado, o LDL segue sua função de levar o colesterol vital (HDL) para o cérebro.

Além de pregar que as gorduras são amigas do homem, o neurologista afirma que fazer jejuns (de 24 a 72 horas) e tomar suplementos, como cúrcuma, probióticos e óleo de coco, também ajudam a melhorar as funções cerebrais.

Críticas

É claro que, com uma proposta, digamos, inovadora como esta, Perlmutter não se viu livre de críticas vindas de seus colegas da medicina e da nutrição. O site Food Navigator reuniu diversas declarações de credenciados especialistas que não vêm com bons olhos a proposta.

A oposição argumenta que há muitas informações no livro, mas poucos fatos verdadeiros, e que o discurso do autor é apelativo. A especialista Julie Miller Jones, ouvida pelo site, afirma que o neurologista usa dados reais, como a relação entre diabetes e doenças neurológicas, para chegar a conclusões errôneas.

Para justificar sua ideia, ela cita dietas como a DASH e a do Mediterrâneo, que, mesmo usando carboidratos, reduzem os riscos de doenças neurodegenerativas, como a demência.

A falta de sustentabilidade da dieta da mente também é alvo de reclamação, que dificilmente duraria no longo prazo. Isso porque não só propõe um cardápio altamente restrito, mas porque prega o uso de grande quantidade alimentos que não são necessariamente baratos ou facilmente encontrados sempre, como o salmão.

Por isso, os outros especialistas indicam que a melhor forma de prevenir as doenças que atacam o cérebro é ter uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos.

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