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Maya Gabeira é a primeira surfista mulher a entrar no livro dos recordes

"É o maior feito que poderia ter alcançado", diz a carioca em sua primeira entrevista depois de surfar uma onda de 20 metros

Maya Gabeira: "Confesso que pensei em desistir, porque achava que não era possível alcançar aquilo que eu queria" (Mark Thompson/Getty Images)

Maya Gabeira: "Confesso que pensei em desistir, porque achava que não era possível alcançar aquilo que eu queria" (Mark Thompson/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 15h53.

São Paulo - Em 18 de janeiro, a carioca Maya Gabeira, de 31 anos, surfou uma onda de 20,9 metros na Praia do Norte, em Nazaré (Portugal), reconhecida pela Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês). Nesta segunda-feira, veio a recompensa e ela entrou no Guinness, o livro dos recordes, por ter surfado a maior onda de todos os tempos entre as mulheres. Na categoria masculina, o recordista também é brasileiro: Rodrigo Koxa surfou uma onda de 24,38 metros em novembro do ano passado.

Qual é a importância deste reconhecimento do Guinness?

Primeiramente, fico feliz de fazer essa plataforma ter a divisão feminina, algo que achava muito importante. Ter surfado a maior onda da história é o maior feito que poderia ter alcançado na carreira. Era o que eu buscava, um sonho. É uma honra e fico extremamente orgulhosa. Era um sonho que estava se prolongando para realizar. Às vezes, nem acreditava que isso poderia acontecer devido às lesões que eu tive e o tempo que se passou desde 2013, na primeira vez em que estive em Nazaré.

Para surfar aquela onda, você ficou quase quatro horas na água. Qual foi o sentimento quando conseguiu?

Estava muito frio, mas fiquei esperando aquela onda específica, porque meu objetivo era pegar a maior onda da minha vida naquele dia. Quando a onda surgiu, eu já estava na água havia três horas e meia. O foco principal era não cair. Só pensava em segurar a velocidade e fazer a linha correta para que a onda não me engolisse.

Desde aquele grave acidente sofrido em 2013, quando você chegou a ficar desacordada ao tentar surfar uma onda gigante, o que mudou? Como você lida com o medo?

Hoje, estou mais experiente. Com calma e tempo, pude evoluir e testar equipamentos e equipes para aprimorar muitas coisas. Posso dizer que evoluí muito de lá para cá. Hoje, estou mais confiante e capaz de surfar ondas gigantes.

Você pensou em desistir? As cirurgias, de alguma maneira, fizeram você mudar?

Confesso que pensei em desistir, porque achava que não era possível alcançar aquilo que eu queria. Depois do acidente, não quis me prender ao objetivo do recorde. Não podia exigir mais de mim por causa das minhas limitações físicas e psicológicas. Tinha um trauma a superar e não sabia se aquilo era possível de fato e se eu realmente gostaria de me arriscar daquela forma novamente. Foi um processo muito longo, mas aos poucos fui enxergando a possibilidade de estar novamente 100% e poder correr atrás do recorde.

Qual é o próximo desafio?

Só penso em descansar. É tão difícil parar um pouco, curtir o momento. Estamos à beira de uma nova temporada e quero estar 100%. Foram muitos anos para chegar aqui e agora quero saborear.

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