Maui Jim: marca havaiana será comercializada no Brasil (Divulgação /Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 26 de março de 2024 às 17h40.
Última atualização em 27 de março de 2024 às 09h54.
Nas últimas temporadas de moda, a tendência se voltou para o quiet luxury com peças lisas, tons neutros e sem logos. Marcas como Yves Saint Laurent e Bottega Veneta, conhecida por suas bolsas de couro tramadas e sem logo, cresceram em vendas, a Gucci, marcada nos últimos anos por coleções coloridas e estampadas com referências dos anos 1970 e 1980, trocou seu diretor criativo Alessandro Michele pelo então desconhecido Sabato de Sarno, que imprimiu seu estilo na coleção de estreia com peças sóbrias, com mix de alfaiataria e moletons.
Todas as marcas mencionadas pertencem à holding francesa Kering, que possui em seu portfólio de luxo marcas como Balenciaga, Alexander McQueen, Brioni e braços de joalheria e beleza. Mas, na contramão da tendência de "luxo básico", o grupo adquiriu em 2022, a Maui Jim, marca de óculos havaiana.
Quando se pensa no conjunto de ilhas incrustadas no Oceano Pacífico Norte, vêm à mente as praias, o surfe, dias de sol e uma vestimenta despojada. E é neste lifestyle que a Kering tem apostado. Ainda que a marca não seja muito conhecida fora dos Estados Unidos, em média cada americano possui três pares de óculos da Maui Jim.
“A Maui Jim possui um faturamento de US$ 350 milhões nos Estados Unidos. O faturamento das 14 marcas de eyewear da Kering não chega em US$ 350 milhões”, diz Rui Lima Jr., CEO da distribuidora Protus Group, grupo catarinense responsável pela importação e comercialização das marcas Saint Laurent, Montblanc, Puma, Chloé, Balenciaga, Gucci, Dunhill, Cartier, Alexander McQueen, Alaïa, Bottega Veneta e Maui Jim no Brasil.
Um dos destaques dos óculos da Maui Jim são as tecnologias das lentes. Porém, não é simples explicar sobre os atributos das lentes sem prová-las. Para que as óticas entendessem mais sobre a marca, alguns executivos brasileiros foram convidados para conhecerem a marca havaiana em um evento em Nova York.
No 65º andar acima da icônica atração Vessel, no escritório da Kering Eyewear, aconteceu pela primeira vez um showroom dedicado às 14 marcas do grupo. O destaque, no entanto, ficou para a nova marca da casa.
Entre as instalações praianas, com árvores e arbustos artificiais, vendedores com camisas havaianas floridas, pranchas de surfe, estavam os 82 óculos da Maui Jim. Vendedores instruíam o teste das peças: olhar o skyline da cidade com e sem os óculos e perceber o aumento na saturação ao usar as peças.
No entanto, um dos destaques da polarização das lentes ficou nítido ao olhar para uma televisão com a tela em branco a olho nu e, ao colocar os óculos, conseguir assistir a um vídeo. Segundo a marca, o brilho desbota as cores, escurece os detalhes e cansa os olhos. As imagens que aparecem no vídeo só são possíveis de enxergar através das lentes PolarizedPlus2, que eliminam 99,9% do brilho.
No evento de lançamento da marca, também em Nova York, os mesmos elementos da cultura havaiana foram importados. No entanto, com o perdão do trocadilho, para visualizar a tecnologia, foram instalados televisores nas paredes e pranchas de surfe no chão. Ao colocar os óculos, imagens de ondas apareciam nas telas, como óculos de realidade virtual.
Este simulador estará disponível em breve em revendedores autorizados Maui Jim selecionados em todo o mundo.
Mais do que uma marca de lifestyle no portfólio de luxo da Kering, a Maui Jim foi uma compra estratégica, voltada para a tecnologia.
“Acredito que o grupo irá acrescentar a tecnologia das lentes da Maui Jim nas outras marcas, e, assim, aumentar o potencial de vendas. Por exemplo, incluir tecnologia nos óculos da Montblanc”, diz Lima. “No final a Kering acabou comprando essa tecnologia”.
Para além da polarização, as lentes contam ainda com atributos como resistência a riscos e arranhões, tratamentos que repelem água e óleo, proteção UV e contra a luz azul.
“A polarização no Brasil ainda não é muito divulgada, apesar de ser um país que tem Sol praticamente todos os dias do ano, essa importância sobre o cuidado com os olhos ainda não atingiu os consumidores. Todo mundo vai à praia com filtro solar, mas a maioria está sem óculos de sol. É incrível como o cuidado com os olhos é limitado”, diz Lima.
No entanto, segundo o executivo, consumidores que praticam esportes e atletas são mais preocupados com a saúde dos olhos e pagam por este cuidado. “Este público consumidor sabe por que os óculos custam de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil”.
Enquanto a aquisição da Maui Jim trará tecnologia de lentes para outras marcas da Kering, a empresa havaiana receberá referências de moda em troca.
“A Kering poderá colaborar com Maui Jim para melhorar o design, a qualidade e a inovação dos produtos, aproveitando sua experiência em artesanato e material de luxo. Isso poderia envolver a incorporação de material premium, o refinamento de designs e a introdução de novas tecnologias para elevar a oferta de produtos de Maui Jim”, diz Lima.
Além disso, a experiência da Kering na gestão de marcas de luxo pode alavancar a marca para uma posição de óculos de luxo premium, e colaborações de coleções com outras marcas do portfólio.
Por enquanto, há em média 200 pontos de venda no país interessados em comercializar a marca. “Trabalhamos com um valor 40% mais caro do que na Europa. Então, se um par de óculos custa 100 euros na Europa, custará 140 euros no Brasil, por causa dos impostos”, explica Lima.
As peças serão comercializadas no Brasil após a o evento Expo Ótica, que acontece a partir de 10 de abril em São Paulo.
Durante o evento de lançamento nos Estados Unidos, executivos brasileiros diziam estar animados em trazer a marca para o Brasil. Porém, ainda é preciso apresentar os benefícios dos óculos para além da estética, ainda que haja a assinatura da Kering por trás.
*A jornalista viajou a Nova York a convite da Kering.