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Manuscrito sadista roubado do Marquês de Sade volta a Paris

Manuscrito original voltou à França após três décadas nas mãos de um colecionador suíço e será exibido neste ano em Paris


	Livros: “Os 120 dias de Sodoma” foi adquirido recentemente por 7 milhões de euros (US$ 9,6 milhões) por uma empresa chamada Aristophil SAS
 (Ralph Orlowski/Getty Images)

Livros: “Os 120 dias de Sodoma” foi adquirido recentemente por 7 milhões de euros (US$ 9,6 milhões) por uma empresa chamada Aristophil SAS (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2014 às 23h49.

Paris - O escandaloso e sexualmente gráfico romance do Marquês de Sade “Os 120 dias de Sodoma” voltou a casa.

Escrito na prisão em 1785 – logo antes da Revolução Francesa – e descrito pelo próprio marquês como “a história mais impura já contada”, o manuscrito original voltou à França após três décadas nas mãos de um colecionador suíço e será exibido neste ano em Paris.

Roubado da descendência de Sade em 1982 e vendido ao colecionador suíço de livros eróticos Gerard Nordmann, foi adquirido recentemente por 7 milhões de euros (US$ 9,6 milhões) por uma empresa chamada Aristophil SAS, que compra manuscritos antigos e valiosos. A aquisição pôs fim a vários anos de negociações entre Nordmann e os herdeiros de Sade, a ambos os quais a empresa pagou. O item foi retirado da lista de obras de arte roubadas da Interpol.

“É um tesouro nacional e agora está de volta na França”, disse Gérard Lhéritier, presidente da Aristophil, com sede em Paris, em uma entrevista. “Nem o preço nem a estimação da seguradora de 12 milhões de euros refletem o valor do manuscrito de Sade. É inestimável. É história”.

O livro, do qual deriva a palavra “sádico”, conta a história de quatro homens ricos que se isolam durante quatro meses em um castelo medieval com suas 42 vítimas, incluindo adolescentes de ambos os sexos. Eles recrutam quatro mulheres responsáveis por bordéis para contar-lhes histórias gráficas das suas aventuras. As narrativas das mulheres inspiram os homens a realizarem 600 atos de abuso sexual e tortura, que acabam com a matança das vítimas.

O crescendo de horror do livro o torna quase ilegível, disse Lhéritier. O escritor francês Jean Paulhan chama o livro de “Evangelho do Mal”.

Pedaços de pergaminhos

A gênese do livro foi em 1785, quando o nobre marquês Donatien Alphonse François de Sade foi encarcerado na Bastilha em Paris. Nos seus dias na cadeia ele escreveu em segredo a história com o subtítulo “Escola de Libertinismo”.


Sade escreveu seu romance em pedaços de pergaminhos de 11,5 centímetros, grudados para formar um rolo de 12 metros de comprimento. Antes de ser levado para um hospital em 1789, Sade escondeu o manuscrito na sua cela, onde foi achado quando a prisão da Bastilha foi saqueada.

Para “Os 120 dias de Sodoma”, o retorno à França marca uma volta magnífica.

Banido na França até 1957 – embora edições clandestinas pudessem ser achadas nos séculos 19° e 20° - a reabilitação de Sade na França está quase completa.

O marquês passou 27 anos na cadeia por acusações incluindo abuso sexual e neste ano será celebrado o bicentenário da sua morte.

‘Venham vê-lo’

Lhéritier disse que ele voou com “Os 120 dias de Sodoma” em um jato privado de Genebra até Paris, onde agora está guardado em um dos cinco cofres da fundação na cidade. A Lloyds de Londres é a seguradora do manuscrito, disse ele.

Lhéritier disse que ele queria doar o manuscrito de Sade à Biblioteca Nacional da França daqui a cinco anos. Ele disse que o Ministério da Cultura rejeitou sua oferta. Se o ministério classificar o manuscrito como Tesouro Nacional, poderia representar uma isenção fiscal para a Aristophil de Lhéritier. O Ministério não respondeu a pedidos de comentários.

Independentemente de qual for seu novo lar em Paris, disse Lhéritier, ele está pedindo às pessoas que venham dar uma olhada no que é uma peça da história da França.

“Não encorajo as pessoas a lê-lo, só a virem a vê-lo”, disse ele.

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