Eric Schmidt, um dos super-ricos dos EUA (Bloomberg/Bloomberg)
Daniel Salles
Publicado em 25 de novembro de 2020 às 09h44.
Última atualização em 25 de novembro de 2020 às 10h28.
Eric Schmidt adquiriu todos os típicos bens de um cidadão super-rico dos Estados Unidos: um superiate, um jato Gulfstream, uma cobertura em Manhattan. Um de seus mais novos ativos é muito menos convencional: um segundo passaporte.
O ex-CEO da Alphabet entrou com pedido de cidadania do Chipre, de acordo com anúncio no mês passado em um jornal local publicado pela primeira vez no site Recode. Schmidt, de 65 anos, faz parte de um crescente clube de indivíduos que participam de programas de governos que concedem passaportes a estrangeiros.
Nos anos anteriores, cidadãos americanos raramente procuravam comprar os chamados passaportes dourados. O negócio prosperou principalmente visando pessoas de países com menos liberdade para viajar do que os EUA, como China, Nigéria ou Paquistão.
Mas isso começa a mudar. Pessoas próximas ao setor dizem que receberam uma enxurrada de perguntas de cidadãos do país mais rico do mundo.
“Não havíamos visto algo assim antes”, disse Paddy Blewer, diretor da consultoria de cidadania e residência Henley & Partners, em Londres, em referência a consultas de indivíduos norte-americanos.
Uma porta-voz do governo do Chipre não quis comentar. Representantes de Schmidt - cuja fortuna soma US$ 19 bilhões de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg - não responderam a pedidos de comentário.
Os benefícios de possuir um segundo passaporte, que variam de impostos potencialmente mais baixos, mais liberdade de investimento e menos complicações em viagens, podem ser obtidos por apenas US$ 100 mil.
Historicamente, os chamados programas de cidadania por investimento não têm sido muito populares entre americanos, já que um de seus principais atrativos - regimes fiscais favoráveis dos países adotados - oferece poucos benefícios aos americanos. Os EUA são um dos poucos países que cobram impostos de seus cidadãos independentemente de onde vivam.
O maior interesse de cidadãos americanos é anterior à pandemia de coronavírus, mas a crise ajudou a turbinar a demanda enquanto planejam manter alguma liberdade de movimento diante das maiores restrições da segunda onda de casos de Covid-19.