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Maior prejuízo financeiro da história: entenda a crise do Barcelona

Em entrevista coletiva, Ferran Reverter, CEO do clube, revelou o tamanho da dívida

Barcelona: atual gestão do clube contratou uma auditoria que apontou falhas graves nos anos anteriores (Joan Valls/Getty Images)

Barcelona: atual gestão do clube contratou uma auditoria que apontou falhas graves nos anos anteriores (Joan Valls/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2021 às 15h39.

Última atualização em 15 de outubro de 2021 às 15h57.

Na última semana, o Barcelona anunciou a pior crise financeira de sua história, um prejuízo de 481 milhões de euros, cerca de 3 bilhões de reais. A atual gestão do clube contratou uma auditoria, que apontou falhas graves nos anos anteriores, constatando um aumento vertiginoso das dívidas, sob comando de Joseph Maria Bartomeu, que renunciou ao cargo de presidente no ano passado.

Em entrevista coletiva, na última semana, Ferran Reverter, diretor da equipe catalã, afirmou que as despesas bateram recorde ao alcançar 1,1 bilhão de euros — o equivalente a 7 bilhões de reais. Uma das razões dessa crise está nos gastos milionários em contratações de jogadores e aumento da folha salarial. O atacante francês Griezmann, por exemplo, foi contratado em 2019 por 120 milhões de euros (cerca de 505 milhões de reais).

Mesmo em crise, o Barcelona continuou investindo alto em reforços e, segundo o ranking mais recente do CIES Football Observatory, tem o quarto elenco mais valioso do mundo, ficando atrás apenas de Chelsea, Manchester United e Manchester City, respectivamente.

Reverter ainda declarou que, caso o Barça fosse um clube-empresa, estaria em processo de falência. Para Jorge Braga, CEO do Botafogo-RJ, clube que trabalha e é pioneiro na ideia da formação da SAF no Brasil, o problema do Barcelona está no modelo de gestão e explica que a instituição terá a opção de buscar um refinanciamento das dívidas, por não ser uma empresa.

“Não é o modelo de Sociedade Anônima de Futebol que resolve, é o compliance e a transparência de gestão. Sem dúvida, a partir do momento que uma estrutura de S.A. entra em vigor, essa transparência e os controles vêm juntos com a lei, mas isso também pode ser feito apesar disso. Esse é o único caminho para todo clube de futebol, independente do tamanho”, esclarece o dirigente que, diante de uma realidade financeira ainda pior que a do Barça, nesta relação de dívida e receita, trabalha para equacionar as dívidas do Botafogo-RJ.

Para Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, agremiação que é exemplo de administração responsável e com poucas dívidas no futebol brasileiro, todos os modelos são sempre bem-vindos, mas desde que sejam acompanhados de uma boa gestão.

“Cada clube sabe o que é melhor para ele, e com certeza o modelo de S.A. pode ser um salto considerável para algumas instituições, pois pode atrair o investidor e usar esse dinheiro de imediato. Mas tudo vai depender de um trabalho administrativo, respeitando o orçamento e as finanças da instituição”, declarou Paz, que também desfruta de bons resultados dentro de campo, com o Fortaleza na terceira colocação do Campeonato Brasileiro e na semifinal da Copa do Brasil.

Pilares discutidos para o Barcelona sair da crise

Segundo as declarações de Reverter, um dos pilares para tirar o time espanhol dessa crise está na busca de novas receitas focando nos fãs. De acordo com um estudo realizado no ano passado pela consultoria esportiva Sports Value, em parceria com a plataforma de dados Zeeng, o Barça é o clube mais popular da Internet, com 240 milhões de seguidores espalhados pelas plataformas digitais.

Apesar de todo este alcance mundial, achar novas linhas de receita nem sempre é um caminho rentável para as agremiações. “O grande problema, hoje, é achar essas novas linhas, porque o mercado está saturado de busca de ferramentas de comunicação e marketing. Os fãs, espalhados pelo mundo inteiro, com certeza, são um ativo gigantesco que esse time tem, e desde que a instituição saiba aproveitar essa base de torcedores, isso fará diferença”, comenta Marcelo Palaia, professor e especialista em marketing esportivo.

Na opinião de Rene Salviano, executivo de marketing que lançou neste ano a HeatMap, agência de marketing esportivo focada em captação de patrocínios, as ações para engajar e envolver os torcedores só darão certo se a nova gestão passar credibilidade e uma boa perspectiva para o futuro da agremiação. “Os fãs querem conectar, fazer parte, mas desde que acreditem no projeto que estão ajudando e a gestão como um todo também esteja nos trilhos. É essencial a transparência com o fã para que ele apoie os projetos da instituição”, esclarece Salviano.

Neste momento, um fator que prejudica o clube para mobilizar essa base de fãs é o fato da equipe ser composta de jogadores sem tanta badalação, principalmente se compararmos aos grandes times e jogadores que o Barcelona já teve na história do futebol.

Os problemas com as finanças estão refletindo no desempenho e retrospecto da equipe. Com um elenco mais frágil, somado a perda de Lionel Messi, maior jogador da história do clube, o time tem perdido protagonismo nos principais campeonatos que disputa, como a Liga dos Campeões e a La Liga. A principal contratação da atual temporada foi o atacante holandês Memphis Depay, de 27 anos, ex-Lyon.

A não renovação do vínculo contratual de Lionel Messi simboliza um novo momento, não só para o Barcelona mas também para a La Liga. Durante anos, o campeonato espanhol foi visto como uma Liga das Estrelas, tendo grandes nomes como Zidane, David Beckham, Figo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e, mais recentemente, Cristiano Ronaldo, Sérgio Ramos e Neymar, além do argentino. Para Salviano, a ausência desses craques faz com que a liga perca em notoriedade e atratividade em relação às outras principais da Europa, como a Premier League, Ligue 1, Bundesliga, entre outras.

"Os grandes astros movimentam os campeonatos por onde passam. Os números mostram de forma clara como estas transferências afetam e muito a audiência, transferência de "fãs" e obviamente o número de negócios e valores gerados com patrocínios e outras receitas advindas da conexão com estes grandes atletas”, acrescenta o executivo.

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