Alejandro Fernández: o enólogo e dono de um império milionário morreu em maio, aos 88 anos. (JMN/Cover/Getty Images)
Matheus Doliveira
Publicado em 12 de julho de 2021 às 18h31.
Última atualização em 16 de julho de 2021 às 13h25.
O testamento de Alejandro Fernández, magnata dos vinhos espanhóis Bodegas Pesquera, confirmou na última semana uma hipótese que já se cogitava desde o mês de maio: a de que 3 das 4 filhas do milionário ficariam de fora da herança após anos de batalha judicial contra o pai.
O milionário faleceu em 21 de maio deste ano, aos 88 anos, deixando para trás uma fortuna estimada em 150 milhões de euros.
Apenas cinco dias antes de morrer, Fernández pediu para alterar seu testamento e excluiu totalmente da herança as suas 3 filhas mais velhas: Olga, Lucía e Mari Cruz. Com a decisão, Eva, filha caçula do empresário, herdou toda a fortuna do pai.
Conhecido como o "rei do vinho" na Ribera del Duero, região de vinícolas no norte da Espanha, Alejandro Fernández revolucionou os rótulos espanhóis através de sua marca Bodegas Pesquera, fundada em 1975 e produtora do reconhecido tinto Pesquera, que detém denominação de origem conquistada pelo enólogo em 1982.
A decisão de Fernández de excluir as 3 filhas do testamento se deu depois que as mulheres se juntaram para afastar o pai do comando da Bodegas Pesquera.
Em 2018, o milionário se divorciou de Esperanza Rivera, com a qual estava casado desde a década de 1970, quando começou o seu império dos vinhos. A separação dividiu a família ao meio. Do lado da mãe, se colocaram Olga, Lucía e Mari Cruz. Do lado do pai, Eva.
Com as partilhas do divórcio, Fernández levou com 49,72% da empresa, mesma porcentagem que ficou como sua ex-esposa, Esperanza. Além de pai e mãe, cada uma das 4 filhas embolsou 0,28% dos papéis da companhia.
Logo após a separação, Olga, Lucía e Mari Cruz somaram suas ações às de Esperanza e obtiveram 50,56% das ações da Bodegas Pesquera. Com isso, as filhas do milionário não só assumiram o controle da marca do pai como também afastaram Fernández do negócio que ele mesmo criou.
O empresário recorreu aos tribunais espanhóis para voltar a atuar na Bodegas Pesquera, mas nunca perdoou as 3 filhas.
Em segredo, dias antes de morrer Fernández escolheu a filha que ficou do seu lado na disputa legal como a única herdeira de sua parcela na empresa. Eva chegou a levar o pai para ser avaliado por psicólogos antes de ele assinar o testamento.
Para não sobrarem dúvidas de que as 3 filhas não seriam beneficiadas pela herança, já que de acordo legislação espanhola, os descendentes têm o direito de receber uma porcentagem mínima inegociável, Fernández colocou essa quantia correspondente ao "legítimo direito" em nome de seus netos, os filhos das deserdadas. Com isso, estima-se que sua filha caçula Eva tenha ficado com 75% da fortuna do pai, enquanto todos os netos do enólogo tenham embolsado 25% da fortuna para dividir.
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