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Ken Loach retorna ao Festival de Cannes com um novo herói

Prestes a completar 78 anos, o britânico Ken Loach retorna com Jimmy's Hall e um herói ao seu estilo


	Ken Loach: o diretor, que também é roteirista, editor e ator, quer fazer uma pausa
 (Valery Hache/AFP)

Ken Loach: o diretor, que também é roteirista, editor e ator, quer fazer uma pausa (Valery Hache/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 14h05.

Cannes - Prestes a completar 78 anos, o britânico Ken Loach retorna à Croisette com "Jimmy's Hall" e um herói ao seu estilo, um carismático defensor da liberdade e da igualdade social em uma Irlanda muito católica dos anos 30.

O especialista em fábulas sociais posicionou suas câmeras na Irlanda rural de 1932, 10 anos após a guerra de independência contra Londres que inspirou "Ventos da Liberdade", Palma de Ouro de 2006.

O mesmo roteirista de "Ventos", Paul Laverty, recriou, com "muita liberdade", um episódio da vida de Jimmy Gralton, "o único irlandês a ser expulso de seu próprio país sem julgamento", disseà imprensa.

E isso sem a ajuda de documentos oficiais que "misteriosamente desapareceram".

Alguns recortes de jornais e testemunhos da família serviram de trama a Paul Laverty para dar vida a este campeão da liberdade de expressão e da alegria de viver, confrontado à toda-poderosa Igreja e aos grandes proprietários de terras.

"É esta aliança da Igreja católica com aqueles que possuem as terras que continua a existir ainda hoje em muitos locais", ressalta Ken Loach.

O ator irlandês Barry Ward interpreta Jimmy, que retorna a seu país após 10 anos de exílio nos Estados Unidos para ajudar sua mãe na fazenda da família.

Depois de morar em Nova York, Jimmy reencontra o condado de Leitrim, onde os jovens são privados do sonho americano pela Grande Depressão.

"Estamos num beco sem saída", diz um deles, um reflexo do que voltaria a acontecer com a Irlanda 80 anos depois, com os efeitos da crise do subprime americano, observa o diretor.

Eles pedem a Jimmy para reabrir o "hall" construído em suas terras há 10 anos, uma espécie de casa para todos, onde há espaço para ensinar dança, música, desenho e poesia. E para uma sensibilidade política.

Com seu gramofone, Jimmy revela o jazz, os cantores negros e as novas danças, o que não agrada seu pai Sheridan (Jim Norton).


O "hall" cristaliza rapidamente o ódio de todos aqueles atormentados pelo medo do comunismo, incluindo grupos fascistas, enquanto os camponeses liderados por Jimmy não hesitam em enfrentar um latifundiário que acaba de expulsá-los.

O filme, segundo Ken Loach, é uma homenagem a todos aqueles que "colocam suas vidas em perigo". Ele citou Chelsea Manning, ex-militar americano que forneceu documentos secretos ao WikiLeaks, ou "às mulheres que enfrentam um terrível destino porque querem receber educação", como as estudantes sequestradas na Nigéria.

Loach havia anunciado que este seria seu último filme, mas já não está mais tão certo disso: "Primeiro irei acompanhar a Copa do Mundo e depois veremos o que o outono trará".

"Mommy": Xavier Dolan faz as pazes com a figura maternal

Depois de descrever em seu primeiro filme uma dolorosa relação entre mãe e filho através de um olhar adolescente, o jovem Xavier Dolan oferece à figura meternal uma absolvição em seu quinto longa-metragem, Mommy, um drama familiar emocionante.

"Eu matei minha mãe", que recebeu três prêmios na Quinzena de Realizadores em 2009, já abordava o tema da relação entre mãe e filho.

"Mas com "Mommy", não é a mesma história", afirmou em uma entrevista à AFP o cineasta de 25 anos, na competição oficial este ano.

"'Eu matei minha mãe' era um filme pessoal, sobre a minha vida, minha história, 'Mommy' não".

"Neste filme falamos de pessoas que amam profundamente, mas em que o amor é colocado à prova pela vida, pela doença e pelo sistema", explica.

Viúva há três anos, Diane (Anne Dorval) veste-se de forma ousada, com roupas muito coladas ou muito curtas, fala como um soldado e ama seu filho Steve (Antoine Olivier Pilon), um adolescente loiro bipolar, impulsivo e violento.

Ela fica com sua guarda após sua expulsão de um centro correcional, onde iniciou um incêndio que feriu gravemente outro adolescente.

Ela passa a ser ajudada por uma misteriosa vizinha, Kyla (Suzanne Clément), com a qual "Die" e seu filho formam um trio alegre que, vez ou outra, é capaz de encontrar a esperança.

O diretor, que também é roteirista, editor e ator, confirma sua vontade de fazer uma pausa após este filme.

"Não tenho mais energia. Vou retornar à universidade para estudar história da arte e para ter aulas de alemão", explica. Apesar de tudo, ele confessa já ter escrito o roteiro para um próximo filme.

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