Johnny Depp em um tribunal em Fairfax, Virgínia, em 21 de abril de 2022 (AFP/AFP)
Agência O Globo
Publicado em 24 de maio de 2022 às 14h16.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 14h27.
Na última semana do julgamento, os advogados de Johnny Depp começaram a audiência desta terça-feira no Tribunal do Condado de Fairfax, na Virgínia, EUA, pedindo para a juíza Penney Azcarate arquivar o processo de Amber Heard contra ele.
A magistrada negou, justificando que é obrigada por lei a permitir que o júri chegue a um veredicto, desde que haja pelo menos alguma chance razoável de que a alegação de Heard possa prevalecer.
Ao longo do julgamento, a ex-mulher de Depp também tentou arquivar a ação ajuizada por ele, mas não teve sucesso. Os atores processam um ao outro por difamação.
"Não é meu papel medir a veracidade ou o peso das evidências", disse Azcarate.
A atriz de Aquaman é processada pelo astro de Piratas do Caribe em US$ 50 milhões por difamação devido ao artigo publicado no Washington Post em 2018 em que ela se descreve como uma "figura pública que representa a violência doméstica".
Embora não mencione o nome do ex-marido, a equipe jurídica dele afirma que as acusações eram claras contra ele, o que prejudicou sua vida profissional. O ator nega as acusações de agressão e aponta Heard como a agressora da relação. Em resposta a isso, Heard também entrou com uma ação por difamação contra Depp, por tê-la considerado mentirosa, com o valor da indenização solicitada dobrado.
Segundo a emissora americana NBC, a equipe jurídica de Depp solicitou que a juíza arquivasse a ação de US$ 100 milhões de Heard com base no fato de que ela não conseguiu provar que Adam Waldman, ex-advogado do ator, agiu com “real malícia” ao acusá-la de criar uma “farsa” de abuso em três declarações ao Daily Mail em 2020. Benjamin Chew, um dos representantes legais de Depp, disse que Heard também não conseguiu provar que Waldman agiu em nome de Depp ao fazer as declarações.
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Os advogados de Heard, por sua vez, apresentaram sua defesa ao andamento do contra-processo.
"Quando o Sr. Waldman fez essas declarações, ele estava no lugar do Sr. Depp", afirmou o advogado de Heard, Ben Rottenborn. "Eles são um e o mesmo."
A equipe jurídica de Heard argumentou ainda que a juíza havia rejeitado o pedido de Depp para um julgamento sumário, o que indicaria que Waldman agiu com "malícia real".
Walter Hamada foi a primeira testemunha chamada pela equipe jurídica de Depp a depor nesta terça-feira. Em vídeo, ele falou sobre a participação de Heard na franquia de Aquaman. Segundo o produtor, a falta de renegociação referente ao contrato da atriz não ocorreu por causa das declarações de Waldman ou Depp. Ele disse que havia preocupações sobre se Heard era a pessoa certa para o filme e falou sobre ela possivelmente ser reformulada devido à sua falta de química com Jason Momoa, o protagonista.
"Você sabe quando vê, e a química simplesmente não estava lá", afirmou o presidente da D.C Filmes.
Hamada também negou que o papel de Heard em Aquaman 2 tenha sido reduzido e disse que a sequência estava sendo construída em torno dos personagens masculinos.
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Na véspera, os advogados de Heard acabaram decidindo não chamar Depp de volta ao banco das testemunhas, conforme estava previsto.
No entanto, Depp ainda pode testemunhar novamente se seus próprios advogados o convocarem para mais interrogatórios antes das alegações finais na sexta-feira.
Depp disse aos jurados que nunca bateu em Heard e argumentou que ela era a agressora em seu relacionamento. Ele disse que Heard jogou uma garrafa de vodka nele no início de 2015, cortando a ponta de seu dedo médio direito. Heard disse que não causou a lesão no dedo e disse que só o acertou para se defender ou defender sua irmã.
Na segunda-feira, os jurados viram fotos gráficas do dedo ensanguentado de Depp e ouviram o testemunho de um cirurgião de mão, Dr. Richard Moore, que foi chamado como testemunha especializada de Heard. Moore, que revisou os registros médicos de Depp, disse que não acredita que a lesão de Depp foi sofrida da maneira que o ator descreveu.
"A ferida realmente não parece ser uma laceração de vidro afiada", disse ele.
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Moore disse acreditar que foi uma "lesão por esmagamento", embora tenha reconhecido sob interrogatório dos advogados de Depp que não poderia dizer com certeza o que aconteceu com o dedo.
Heard testemunhou que achava que Depp poderia ter se machucado quando ele quebrou um telefone na parede em "pedaços" durante a discussão naquela noite na Austrália, onde Depp estava gravando o quinto filme da franquia Piratas do Caribe.
Advogada de Depp, Camille Vasquez indicou que Moore fez sua análise do caso sem revisar as fotos da cena após a briga, e então exibiu as imagens, ressaltando a presença de cacos de vidro, com a ponta do dedo de Depp num lenço de papel no chão.
Depp e Heard se conheceram em 2011 durante as filmagens de The Rum Diary. Eles se casaram em fevereiro de 2015 e o divórcio foi finalizado cerca de dois anos depois.
Menos de dois anos atrás, Depp perdeu um caso de difamação contra o jornal britânico The Sun, que o rotulou de "espancador de esposas". Um juiz da Suprema Corte de Londres decidiu que ele havia agredido Heard repetidamente.
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A expectativa é que o julgamento termine na sexta-feira, dia 27. O júri então deliberará sobre seu veredicto, que ainda não tem uma data prevista para ser anunciado. Segundo a emissora Court TV, o júri é composto de seis homens, sendo quatro de ascendência asiática e dois brancos, e três mulheres, sendo uma de ascendência asiática, uma negra e uma branca. A juíza Penney Azcarate vai depois designar quem ficará como suplente e quem ficará no grupo, composto de sete pessoas, para se chegar à decisão final.
Considerando que o caso tramita na esfera civil, não está em jogo a possibilidade de um deles ser preso. São possíveis seis cenários diante do veredicto do júri no caso Johnny Depp vs. Amber Heard. Confira:
(Agência O Globo)