Wodjan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani, judoca saudita (AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2012 às 19h49.
Londres - A representante do judô feminino saudita irá competir na Olimpíada de Londres sem o "hijab", ou véu islâmico, disse Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judô nesta quinta-feira.
Wodjan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani, uma das duas primeiras mulheres enviadas aos Jogos pelo conservador reinado muçulmano, deve competir no torneio de judô de pesos pesados na próxima sexta-feira.
"Ela lutará de acordo com o princípio e o espírito do judô, portanto sem o hijab", declarou Vizer.
A decisão provavelmente causará polêmica na Arábia Saudita, onde a participação feminina nos esportes é assunto controverso. Clérigos poderosos denunciam mulheres por se exercitar, dizendo ir contra seu papel natural.
No início deste mês, uma autoridade saudita disse à Reuters que espera que as mulheres tenham que obedecer o código de vestimenta da lei islâmica. Ele não elaborou, mas outros países muçulmanos conservadores interpretaram isso como o uso de véu, mangas e calças longas.
Shaherkani, que lutará na categoria dos 78kg, e a adolescente corredora dos 800 metros Sarah Attar foram as primeiras mulheres sauditas que tiveram permissão de participar de uma Olimpíada depois de conversas entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o país.
A decisão de permitir atletas sauditas mulheres de competir em Londres foi elogiada pelo presidente da entidade, Jacques Rogge, à época.
"Esta é uma notícia muito positiva, e ficaremos encantados de dar as boas vindas a estas duas atletas em Londres", disse Rogge em um comunicado no início de julho.
"O COI vem lutando para garantir um equilíbrio maior de gêneros nos Jogos Olímpicos, e a notícia pode ser vista como uma evolução encorajadora." A Arábia Saudita era um de três países, ao lado de Brunei e Catar, que nunca tinha enviado atletas mulheres aos Jogos, mas no início do ano os dois últimos confirmaram que suas delegações incluiriam mulheres.