Vazamento dos documentos foi considerado pelos observadores vaticanos como o maior de relatórios reservados da Santa S (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2012 às 14h22.
Cidade do Vaticano - Documentos reservados e cartas confidenciais enviadas ao papa Bento XVI e ao seu secretário sobre temas como o cessar-fogo da ETA e o fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel, vazaram e foram publicados em um livro, que pôs a Igreja Católica novamente no centro de uma polêmica.
Poucos meses depois do escândalo suscitado pelo vazamento de documentos sobre enfrentamentos entre altos membros da Cúria romana, amanhã será lançado na Itália o livro 'Sua Santita', do jornalista Gianluigi Nuzzi, que recolhe novos documentos que revelam tramas e intrigas no Vaticano.
Os documentos, mais de uma centena, chegaram a Nuzzi, segundo a revista 'Sette', que publicou hoje um extrato do livro, por 'informantes' do Vaticano que prestam serviços à Cúria e todos os papéis são autênticos.
Considerada pelos observadores vaticanos como o maior vazamento de relatórios reservados da Santa Sé, entre os mesmos há documentos da Secretaria de Estado e de seu titular, o cardeal Tarcisio Bertone, referentes ao cessar-fogo do grupo terrorista ETA.
Também estão as confissões do secretário de Marcial Maciel e a cobertura que gozou no Vaticano o sacerdote mexicano fundador dos Legionários de Cristo (1920-2008), castigado por Bento XVI por abusar sexualmente de seminaristas.
Outros documentos se referem a 'notas reservadas' sobre o presidente italiano, Giorgio Napolitano, prévias a um encontro que manteve com o papa e relatórios confidenciais relativos à defesa do agora ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi no Caso Ruby, sobre suposta prostituição de menores.
O livro revela inclusive o número de conta aberta por Bento XVI no IOR, o banco do Vaticano, no dia 10 de outubro de 2007.
Estes novos documentos internos se somam aos publicados meses atrás pelo jornal 'Il Fatto Quotidiano' sobre um suposto complô para matar o papa no final de 2012.
O canal de televisão 'A7' também publicou cartas enviadas pelo atual núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do Governatorato da Cidade do Vaticano (governo que administra este Estado) a Bento XVI, nas quais denunciava a 'corrupção, a prevaricação e má gestão' na administração vaticana.
Após a divulgação desses documentos, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, denunciou no último dia 14 de fevereiro a existência de uma espécie de Wikileaks que, em sua opinião, tenta desacreditar a Igreja.
No dia 16 de março, Bento XVI nomeou uma comissão para esclarecer esses vazamentos.