Fernando Dryzun: segunda geração à frente da joalheria Dryzun (Leandro Fonseca /Exame)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 16h19.
Última atualização em 25 de novembro de 2025 às 16h31.
No Brasil, o setor de joalherias é principalmente um negócio familiar, que passa de geração para geração. A Dryzun, em São Paulo, é um desses casos. A empresa que hoje conta com quatro lojas, todas na cidade de São Paulo, se prepara para a celebração dos 60 anos de história com mais uma marca chegando ao portfólio.
Desde outubro, a loja do shopping Pátio Higienópolis passou a vender os relógios da marca suíça IWC Schaffhausen. O modelo de maior procura é o Ingenieur, na nova versão do famoso relógio desenhado por Gérald Genta e lançado neste ano no salão Watches & Wonders, em Genebra.
“É uma marca esportiva, que atende um público jovem, muito inovadora, com novos materiais”, diz Fernando Dryzun, CEO da empresa, da segunda geração dos fundadores. “É uma marca que consegue manter o preço competitivo com o mercado internacional. Para nós, é um complemento de portfólio.”
A Dryzun trabalha hoje com relógios das marcas Rolex, Tudor, Bvlgari, Jaeger-LeCoultre, Cartier. “Já vínhamos namorando a IWC faz tempo, agora deu certo”, diz Fernando. Em breve a loja de Higienópolis passará por uma reforma para equilibrar o espaço de exposição das marcas.
Uma mudança recente na empresa foi a troca do ponto no shopping Iguatemi. O novo espaço foi inaugurado no ano passado e fica no andar térreo. A loja anterior estava onde hoje fica a flagship da Tiffany.
“Estávamos lá havia 30 anos e tínhamos receio de mudar”, conta Fernando. Mas a movimentação acabou sendo bastante positiva, segundo o executivo. O novo ponto fica no corredor dos restaurantes e no acesso do vallet do estacionamento. “O tráfego de pessoas é menor, mas mais qualificado”, diz.
A Dryzun chegou a ter oito lojas. Hoje, estão nos shoppings Morumbi e Ibirapuera, além do Iguatemi e do Higienópolis. “Não descartamos abrir um ponto em alguma outra cidade, o Brasil se desenvolveu muito. Mas teria de ser uma oportunidade muito boa. Nosso negócio ainda precisa ter o gestor por perto.” Fernando não revela números, mas confirma crescimento robusto de faturamento ano a ano. Os relógios respondem hoje por 55% da receita.
A Dryzun está prestes a completar 60 anos. A empresa foi fundada em 1966 por Rubens, pai de Fernando, e seu irmão Tobias, que não está mais na operação. A primeira loja foi a do Iguatemi, inaugurada em 1970. É uma das mais antigas que ainda permanecem em atividade no shopping. “Não sabemos a data exata, os primeiros contratos se perderam”, conta Fernando.
No início a Dryzun vendia apenas joias. A primeira marca de relógios comercializada pela loja foi Baume & Mercier, hoje no grupo Richemont. A Dryzun já vendeu Audemars Piguet, Vacheron Constantin, A. Lange & Sohne. Essas marcas hoje não estão mais em operação no Brasil. Do atual portfólio, Cartier é a grife que está há mais tempo.
Fernando se formou em administração de empresas. Passou pelos departamentos financeiro, de logística, na fábrica. Hoje está no comando da operação e cuida do relacionamento comercial com as marcas de relógios e com os clientes finais.
Quem está à frente da concepção das joias é a mãe de Fernando, a artista plástica Sheila Dryzun. “Ela começou dando alguns toques, e lá pelos anos 1990 virou a designer. Foi ela quem criou o ponto de luz, aquele diamante em um fio de náilon, isso foi uma sacada dela, por exemplo”, conta.
Há mais de 20 anos no mercado, Fernando ainda se espanta com o atual momento de alta da indústria relojoeira. “Depois da pandemia o mercado mudou de forma vertiginosa”, diz. “A informação está em todos os lugares, no Instagram, no Youtube. Hoje está muito mais fácil se aprofundar no assunto.”
Fernando diz que ele mesmo acaba aprendendo com os clientes. “Eles estão cada vez mais informados, toda hora me apresentam uma marca nova. E temos muitos jovens interessados, algo que não víamos antes."
Para Fernando, o divisor foi a pandemia, momento em que as pessoas passaram a considerar relógios como ativo financeiro. “Minha impressão é a de que antes muita gente via relógio como uma peça de roupa, descartada com o tempo. Como se diz, um relógio é feito para durar décadas. E, no dia em que enjoar, você sempre pode vender.”