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Irmãos Dardenne emocionam Cannes

Filme dos irmãos Dardenne, com a francesa Marion Cotillard em um papel comovente, foi bem recebido no Festival de Cannes


	Equipe do filme "Deux jours, une nuit" (Dois dias, uma noite): filme foi aplaudido
 (Alberto Pizzoli/AFP)

Equipe do filme "Deux jours, une nuit" (Dois dias, uma noite): filme foi aplaudido (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 10h59.

Paris - A solidariedade contra o individualismo: "Deux jours, une nuit" (Dois dias, uma noite), nova crônica social dos irmãos Dardenne, com a francesa Marion Cotillard em um papel comovente de operária do subúrbio de Liege, foi bem recebido no Festival de Cannes.

Exibido nesta terça-feira na mostra oficial, o longa-metragem foi aplaudido e alguns críticos chegaram a mencionar a possibilidade de uma terceira Palma de Ouro para os diretores belgas ou de um prêmio de interpretação feminina.

Sandra (Marion Cotillard), estimulada pelo marido (Fabrizio Rongione), tem apenas um fim de semana para bater de porta em porta e suplicar a cada um de seus colegas de trabalho que abram mão de um bônus de 1.000 euros para que ela consiga manter o emprego.

Na sexta-feira, os funcionários votam a favor do bônus, mas graças ao apoio de uma colega uma nova votação é programada para a segunda-feira seguinte.

A história é inspirada em "diversas situações similares" que aconteceram no fim dos anos 90 em empresas como a Peugeot ou outras da Bélgica e Estados Unidos, explicou à AFP Luc Dardenne.

O mais novo dos irmãos fala do "cinismo contemporâneo" de uma diretoria que invoca a crise como justificativa, com o discurso de "só posso contratar esta pessoa caso vocês sejam solidários".

Um cinismo ainda menos justificado porque Sandra não é uma ativista, e sim uma mulher depressiva que sai de licença médica e que "não acredita mais nela e não confia nos demais".

"Vou parecer uma mendiga", afirma a protagonista ao marido para explicar porque não deseja tentar convencer os colegas. Mas aos poucos, ela se transforma em uma "mulher que deixa de ter medo", segundo Luc Dardenne.

"Felizmente para a personagem e pela primeira vez em nossa família de personagens, a heroína tem um marido que é um homem formidável e eles levam uma vida normal. Não estão ameaçados de expulsão, são apenas pessoas humildes ", completa Jean-Pierre Dardenne.


Sentimento de solidariedade

A câmera dos irmãos Dardenne segue a mulher em seu périplo de porta em porta, o que vira um calvário.

Em cada etapa, o espectador descobre uma nova situação, contas a pagar, a perda do emprego do cônjuge, entre outras.

"O bônus representa um ano de conta de energia elétrica", resume um colega de trabalho.

Luc espera que "os espectadores que assistam ao filme perguntem: 'se eu estivesse no lugar de Sandra, Mireille ou Willy o que faria?'"

"Talvez seja um pouco ingênuo, mas talvez o filme ajude a criar um sentimento de solidariedade. É melhor que o grande individualismo que geralmente vemos".

"É um sonho ter conseguido trabalhar com os irmãos Dardenne", disse Marion Cotillard.

A atriz afirmou ainda que não ficou assustada com "o trabalho enorme dos ensaios" impostos pelos Dardenne "para obter o que desejavam com o filme".

"É o que sempre sonhei na relação entre diretor e ator", disse a atriz, que citou "uma experiência comovente, enriquecedora, talvez a mais bela".

Os dois irmãos, que não se imaginam trabalhando separados, formam uma dupla aclamada em Cannes.

Eles integram o clube exclusivo dos cineastas que receberam duas vezes a Palma de Ouro: em 1999 por "Rosetta" e em 2005 por "A Criança". Uma terceira Palma seria um recorde sem precedentes na história de Cannes.

"Estamos muito felizes de estar na competição. Esperamos que que as exibições tenham êxito e ajudem o filme a encontrar seu público", disse Jean-Pierre.

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