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Inteligência artificial na moda: Lethicia Bronstein apresenta desfile virtual

Estilista une alta costura artesanal à tecnologia para inovar na apresentação de coleção

Lethicia Bronstein: estilista das noivas mais badaladas do país (Wellington Marques/Divulgação)

Lethicia Bronstein: estilista das noivas mais badaladas do país (Wellington Marques/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 15 de maio de 2025 às 10h41.

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A estilista Lethicia Bronstein, conhecida por seu trabalho artesanal de moda festa e noivas, decidiu incluir inteligência artificial para apresentar sua nova coleção Exclusive. Para a apresentação, Bronstein decidiu fazer um desfile virtual. Para ela, a tecnologia pode ser uma aliada ao oferecer uma renovação na forma de apresentar moda. “Desenvolvi uma coleção que é praticamente alta costura sob medida com os acabamentos feitos com a cliente. E aí pensei muito em como lançar essa coleção: desfile tradicional ou campanha? Surgiu a oportunidade de usar IA e achei o momento perfeito para algo moderno”, diz Lethicia.

Ela conta que a campanha com IA exigiu mais profissionais do que uma campanha tradicional. “Você não consegue simplesmente jogar qualquer foto no programa e pronto. É necessário fazer um lookbook com modelo, fotógrafo, videomaker, maquiador, para capturar cada detalhe, até o movimento dos vestidos. Depois, um time de inteligência artificial entra para dar o acabamento digital, um processo super complexo.” Para a estilista, esse uso da tecnologia não elimina empregos, pelo contrário, amplia as equipes e as formas de trabalho. “Terminei a campanha com vontade de voltar a fazer do jeito antigo, mas percebi que dá para usar a IA para criar desfiles com castings gigantes a partir de uma única modelo.”

Porém, Lethicia também pondera sobre as limitações atuais da IA na moda. “Você perde um pouco no detalhamento das roupas, o ‘detalhe do detalhe’ que só o olhar humano captura. No vídeo, por exemplo, eu apareço segurando o tecido bordado para mostrar a complexidade que a imagem digital não conseguiu traduzir tão bem. Mas sei que isso vai melhorar rápido.” Para ela, a moda artesanal tem um DNA próprio e ainda é essencial para seu trabalho, mas a tecnologia é uma ferramenta que deve ser usada com equilíbrio. “Sempre fui uma marca handmade que olha para o futuro e não posso ignorar o movimento forte da IA, que é fantástico.”

Sobre o uso da IA no processo criativo, Lethicia explica que desenha croquis à mão na frente da cliente, mas recorre ao ChatGPT e outras ferramentas para aprimorar detalhes que o lápis não consegue captar, como texturas e brilhos. “Tiro foto do tecido e do desenho e peço para a IA aplicar o efeito, o que ajuda a cliente visualizar o projeto melhor, como a arquitetura utiliza ferramentas para apresentar as visualizações em 3D. Eu não fiz curso, aprendo na conversa, e uso a tecnologia para apoiar, não substituir.”

"As clientes acharam incrível, disseram que eu me arrisquei e inovei na coleção e apresentação. E olha que teve vendedora que achou que teve desfile de verdade, porque as modelos ficaram muito realistas.” Mesmo assim, ela pretende voltar ao formato tradicional, pelo prazer e adrenalina do desfile ao vivo, mas vê a IA como um complemento. “Depois de um desfile físico, por que não usar IA para criar um material ainda mais incrível para quem não pôde ir?”

Lethicia avalia que a IA já impacta bastante o mercado, especialmente na correção de imagens e na criação de padrões estéticos inalcançáveis na realidade. “Vejo isso como uma influência forte, mas no fundo, a roupa tem movimento, vida, e o corpo das pessoas é diferente, o que a IA ainda não traduz completamente.” Ela destaca que o futuro da moda com IA será diverso e dependerá do posicionamento de cada marca. “Tem marcas que vão usar a inteligência artificial para moda rápida, pronta para consumo imediato, e outras, como a minha, que trabalham com exclusividade e slow fashion. Não tem um jeito só de usar, cada marca vai encontrar seu lugar.”

A estilista ainda compartilha sua curiosidade com outras inovações tecnológicas, como a impressão 3D de roupas e manequins personalizados. “Gosto de experimentar, mas sem perder a essência do que faço. Cada marca precisa encontrar o que funciona para si, sem abrir mão da criatividade e da identidade.” Em sua visão, o futuro da moda será uma mescla de inovação e tradição, onde a tecnologia auxilia, mas não substitui o toque humano.

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