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Indústria de diamantes brilha menos: preços caem com ascensão das pedras sintéticas

Pedras produzidas em laboratórios e queda nos pedidos de casamento afetam indústria dos diamantes

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 5 de junho de 2024 às 07h38.

A indústria de diamantes enfrenta tempos difíceis. A demanda, especialmente na China, vem caindo por diversos motivos: mudança de hábitos de consumo, preferência por ouro e pedras preciosas sintéticas e até mesmo a diminuição do número de casamentos.

O slogan "um diamante é eterno", criado pela De Beers em 1948, parece estar perdendo força. A gigante do setor, que já controlou boa parte do mercado, anunciou planos de desfiliação da Anglo American, sua controladora.

Números frios revelam a realidade: a procura por diamantes não é mais a mesma. Na China, um mercado crucial para a indústria, as vendas em 2023 despencaram 15% em comparação com o ano anterior. Globalmente, os preços dos diamantes caíram 5,7% em 2024, acumulando uma queda superior a 30% desde o pico de 2022, as informações são da CNBC. A De Beers precisou reduzir preços em 10% no início do ano para tentar conter a crise.

Em meio à queda na demanda tradicional, surge um novo concorrente: as gemas sintéticas. Produzidas em laboratório, essas pedras oferecem beleza similar aos diamantes naturais a um preço até 85% mais barato.

Nos Estados Unidos, maior consumidor mundial de diamantes, a preferência por gemas sintéticas nos anéis de noivado disparou: em 2024, metade das peças terão pedras sintéticas, contra apenas 2% em 2018. A previsão para 2030 é ainda mais desafiadora: a produção de diamantes sintéticos deve chegar a 20% do mercado global.

Investimento caiu

Além disso, o apelo dos diamantes como investimento também diminuiu. Tradicionalmente vistos como reserva de valor, os diamantes perdem atratividade com a queda de preços.

Especialistas apontam caminhos para a recuperação do setor. Alguns acreditam que a indústria precisa investir em marketing para "criar o desejo" pelos diamantes, como fazem segmentos de luxo como relógios e bolsas.

Uma colaboração recente entre a De Beers e a Signet Jewelers, maior rede de joalherias do mundo, visa impulsionar a demanda por diamantes naturais. A Signet espera um aumento de 25% nos pedidos de noivado nos próximos três anos.

Apesar dos desafios, a união da maior mineradora e maior varejista de diamantes do mundo pode ser um passo significativo para a recuperação do setor. Resta saber se será suficiente para fazer os diamantes brilharem novamente.

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