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Indicado ao Oscar, "Amor" retrata os desafios da velhice

O filme conta a história de casal de idosos parisiense, em que o marido tem de passar a cuidar quase como de uma criança da mulher, após ela sofrer um AVC


	Cena do filme "Amor" (2012): Emmanuelle Riva se tornou a mais velha atriz a ser indicada ao Oscar
 (Divulgação)

Cena do filme "Amor" (2012): Emmanuelle Riva se tornou a mais velha atriz a ser indicada ao Oscar (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - Contrariando a lógica e as apostas, a atriz Emmanuelle Riva não levou a Palma de Ouro em Cannes, em maio de 2012, por sua magnífica performance em "Amor", de Michael Haneke. Perdeu para a dupla Cristina Flutur e Cosmina Stratan, do romeno "Além das Montanhas".

Mas surpreende o mundo agora ao se tornar a mais velha atriz a ser indicada para o Oscar ("Amor" concorre ainda nas categorias de direção, filme e filme estrangeiro).

Novamente, não deve levar a estatueta, mas só o fato de comover a Academia, e o mundo, ao dar vida a uma idosa que sofre, e divide, a decadência da velhice com o marido (Jean-Louis Trintignant) é feito e tanto.

"Para mim, foi uma grande honra filmar com Michael. Não importam os prêmios, importa que é impossível recusar um convite dele. E que fizemos tudo que era possível para contar esta história com dignidade e amor. Teria ficado muito triste se ele não tivesse confiado em mim. Ele, tanto quanto eu, sempre soube que eu era capaz fazer este papel", disse a atriz em conversa com a reportagem em Cannes, logo após o longa receber a Palma de Ouro.

O júri de Cannes não deu a Palma a Emmanuelle, mas não ignorou sua contribuição ao filme. "Determinante para a vitória de Amor foi a contribuição dos atores. São eles que dão vida a este drama tão duro e terno ao mesmo tempo", declarou Nanni Moretti, presidente do júri ao anunciar o prêmio.


A interpretação surge quando o espectador se vê participando da rotina desse casal de idosos parisiense, em que o marido tem de passar a cuidar quase como de uma criança da mulher, após ela sofrer um AVC e ter parte dos movimentos paralisada.

"Ela, que sempre foi uma pianista elegante e fleumática, apesar de carinhosa e mãe atenciosa, vê-se diante da decadência, do medo de sujar a reputação e a imagem do marido ao se revelar tão frágil e dependente. Há drama mais íntimo e, ao mesmo tempo, maior que este?", comentou Emmanuelle.

Estrela de clássicos como "Hiroshima mon Amour", que Alain Resnais filmou em 1959, a atriz diz saber de cátedra que a juventude é efêmera. "Acho que devemos encarar a velhice, e a presença da morte que ela traz muitas vezes, com alegria e não com tristeza. Eu, que vivo meus 86 anos, me pergunto sobre como lidar com a perda da dignidade, a dependência de outro, as dores. E como viver o amor nessas condições?"

Para Trintignant, este é um filme poético. "Mas é a poesia em seu estado mais simples. É também como um romance contado de uma forma nova. Não há considerações psicológicas muito complexas sobre os personagens, mas sim uma história contada com honestidade, como ela de fato foi", afirmou.

"Não é a idade dos personagens que importa, mas como vivem o drama. Envelhecer, e por vezes adoecer, faz parte da vida. Cabe a nós escolher como vamos encarar a experiência. Temos de tentar ser feliz. Nem que seja só para servir de exemplo." 

AMOR

Direção: Michael Haneke. Gênero: Drama (Fr-Ale-Áustria/ 2012, 127 min.). Classificação: 14 anos.

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