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"Il gelato" e o desejo de liberdade dos italianos

Para os italianos, tomar um 'gelato' não é apenas um ritual, mas também trata-se de consumir um produto artesana

Gelaterias: tradição italiana de volta enquanto quarentena é afrouxada (AFP/Reprodução)

Gelaterias: tradição italiana de volta enquanto quarentena é afrouxada (AFP/Reprodução)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 29 de maio de 2020 às 08h00.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 14h21.

"É o símbolo do verão", reconhece Francesco, um morador de Roma, ao saborear com vontade o seu "gelato", o célebre sorvete artesanal italiano, um dos produtos mais populares da gastronomia do país.

A "gelateria", é um dos pontos de maior atração da praça do bairro Testaccio, a poucos metros da parte histórica, onde crianças correm e adolescentes percorrem os arredores com suas motos, enquanto saboreiam de novo a liberdade.

O silêncio que reinou por mais de dois meses em toda a cidade por causa do novo coronavírus desapareceu, e agora só seu ouvem gritos das crianças e o barulho dos carros, ainda que em uma menor escala.

Francesco, de cerca de 50 anos, confessou que aguardava impacientemente a reabertura dessa sorveteria, especializada em produto artesanal e muito diferente dos sorvetes vendidos de forma industrializada em outros países.

Para os italianos, tomar um 'gelato' não é apenas um ritual, mas também trata-se de consumir um produto artesanal, com características próprias, de acordo com uma receita tradicional que geralmente é passada de geração em geração.

Desde o Renascimento, famílias nobres como a de Catherine de Médici, que exportava o produto para a França, são apaixonadas por esse produto criado a partir do leite, creme e ovos, que ainda está entre a excelência da gastronomia italiana e que era servido como sobremesa desde a Roma antiga.

"Preciso recuperar o tempo perdido! Adoro sorvete, faz parte do verão, para mim significa que o calor voltou!", ressalta Francesco, enquanto saboreia seu sorvete de baunilha e chocolate, coberto com creme de leite.

Segundo um estudo publicado nesta semana pela Coldiretti, principal organização agrícola italiana, o consumo de sorvete aumentou com o final do isolamento social e a chegada dos dias ensolarados.

"Senti muita falta dele", diz Marco, com uma camisa de verão que revela seus braços tatuados, além de uma máscara em volta do pescoço, pronto para experimentar "o melhor sorvete de Roma".

O jovem aproveitou que o coração histórico de Roma ainda está deserto por causa da falta de turistas, e as sorveterias históricas estão meio vazias.

Os poucos moradores e funcionários da região também aproveitam a oportunidade para ir a essas famosas gelaterias sem precisar esperar na fila, como costuma ser o caso.

Visitar o Giolitti, o elegante café fundado há 120 anos, que está entre os mais antigos da cidade, é um programa obrigatório para os amantes do sorvete, tanto por variedade quanto por qualidade.

Alguns sabores, como o tiramisu, estão entre os mais populares.

A Itália, líder mundial em sorvetes artesanais, possui 39.000 sorveterias, que empregam cerca de 150.000 pessoas, com vendas anuais de 2,8 bilhões de euros.

Cada italiano consome mais de seis quilos de sorvete em média por ano, segundo Coldiretti.

Uma paixão que por ano requer 220 milhões de litros de leite, 64 milhões de quilos de açúcar, 21 milhões de quilos de frutas frescas e 29 milhões de quilos de outros produtos.

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