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Igual a um sapato Ferragamo para o dia a dia, só que feito no Brasil

A Louie se destaca no mercado masculino pelo design europeu, boa qualidade, custo-benefício justo – e clientes que chegam a ter mais de 50 pares da marca

Sapato estilo derby da Louie: inovação no design (Gil Inoue / Louie/Divulgação)

Sapato estilo derby da Louie: inovação no design (Gil Inoue / Louie/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 12 de março de 2021 às 12h00.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 12h50.

Se for preciso dar atenção a apenas uma peça no guarda-roupa, que seja o sapato. Essa é uma máxima da moda masculina que a empresária Livia Ribeiro adora repetir, e por uma razão simples de entender: sua marca, a Louie, se destaca nesse mercado pelo design europeu, boa qualidade e ótimo custo-benefício.

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Uma olhada no site da marca já revela todos os sapatos clássicos do guarda-roupa masculino. Os modelos incluem derby, oxford, oxford wholecut, loafer, brogue, monk, todos fabricados em couro preto, marrom, uísque, café, também com solado de couro, como manda o figurino tradicional. Sem erro, sem surpresa.

Mas é nos sapatos informais que a Louie ganha destaque. Os sapatos clássicos recebem aqui releituras, novos materiais e designs mais arrojados. Entram solados tratorados de borracha, botas mais robustas, detalhes em cor, formatos mais quadrados, camurça.

São sapatos de origem clássica, mas com informação de moda, nos moldes de marcas clássicas italianas ou inglesas. Dá para compor com uma alfaiataria mais desconstruída, ainda mais com a informalidade dos novos tempos e principalmente neste momento de pandemia. Mas também vão bem com calças chino e mesmo jeans e camiseta.

O preço de um Louie não é exatamente barato, em torno de 450 reais o par. Um bom sapato importado, no entanto, custa a partir de 2 mil reais. “Não é que meu sapato vá substituir aquele Prada ou Ferragamo para ocasiões especiais”, diz Livia. “Mas para o uso do dia a dia não fica nada a dever.”

Na pandemia

Existe espaço para sapatos em tempos de pandemia? Livia diz que as vendas caíram pouco no ano passado em relação ao anterior, em torno de um dígito. Ela não revela números, mas diz não poder reclamar. “Vendo por dia no online mais do que qualquer loja física de calçado do país”, garante.

Livia Ribeiro, a fundadora da Louie

Livia Ribeiro, a fundadora da Louie: de olho nas tendências europeias (Alex Batista / Louie/Divulgação)

A procura maior é pelos sapatos informais, ainda mais em situação de quarentena. Um produto vencedor, segundo a dona da marca, foi o chinelo de couro lançado no fim do ano passado. Homens europeus usam bastante sandália no verão. No Brasil a preferência é por sapatos fechados, como sneakers ou mocassins. Livia estava na dúvida se os clientes aqui comprariam seu lançamento. “Fiz uma quantidade pequena e esgotou em menos de uma semana. De lá para cá está vendendo como pão quente.”

Nem sempre apostas mais vanguardistas dão certo. A Louie lançou um modelo de alpargatas no ano passado, sem muito sucesso. Nesses longos meses de pandemia, o que tem vendido bem são os loafers de camurça e solado de borracha, extremamente confortáveis.

Um dos pontos fortes da marca, segundo Livia, é o engajamento dos clientes. “Mulher é mais consumista e pesquisa mais, compra em várias lojas. O homem é mais difícil de fisgar, mas quando gosta da marca, fica para sempre”, diz.  Em sua base de 100.000 clientes cadastrados, alguns são extremamente fiéis. “Meu consumidor mais assíduo já comprou 58 sapatos, sem contar acessórios como chaveiros e mochilas. Se você precisa de um só sapato, na Louie vai encontrar aquele modelo mais coringa, que vai com tudo. Mas para quem gosta de sapato, não há limites.”

Design europeu

Sapatos fazem parte da criação de Lívia. Seu avô tinha fábrica de sapato em Franca, importante polo calçadista no interior de São Paulo. Publicitária de formação, mas apaixonada por moda masculina, Livia estudou e morou em Barcelona e em Londres.

“Percebia que aqui no Brasil havia uma lacuna nesse mercado. A oferta vai dos caríssimos importados a sapatos sem alma ou aqueles modelos sapatênis”, conta. Na volta ao Brasil, nove anos atrás, decidiu fundar a Louie, primeiro com fábrica própria, agora com produção terceirizada.

O couro está presente em todo o sapato, até em detalhes normalmente feitos em tecidos sintéticos, como no forro interno. “Sei que poderia reduzir custos e aumentar minha margem, mas meu foco é no produto”, diz. Livia desenha os sapatos e vai atrás dos melhores fornecedores para desenvolver exatamente aquilo que planejou. Desde que voltou ao Brasil, ela viaja pelo menos três meses por ano para cidades como Milão e Londres para acompanhar de perto as tendências que andam nos pés.

Colaboradores de renome ajudam na concepção dos produtos e na comunicação. Sylvain Justum, um dos editores de moda masculina mais respeitados do país, é um conselheiro informal. Na conta do Instagram, a Louie posta fotos dos sapatos com outras peças de roupa que podem combinar, de marcas básicas de qualidade como Oriba e Egrey. “Essa é uma dúvida recorrente dos meus clientes: como eu posso usar meu sapato?”, conta Livia.

É Justum quem ajuda a montar os looks de referência para essas imagens do Instagram. “Ele tem um olhar muito apurado, muita informação, mas ao mesmo tempo uma visão comercial, sabe o que vai vender”, diz Livia. O fotógrafo Victor Collor é outro ponto de apoio. Ele já produziu algumas campanhas e é uma espécie de embaixador da marca. “O Victor é um dos poucos homens que consegue usar sapato até com bermuda de um jeito cool mas despojado”, diz Livia.

Cobiçada pelos grandes

Os sapatos Louie são vendidos apenas pelo site da marca. Livia nunca quis montar loja física e nem entrar em marketplace, para ter mais controle da comunicação e imagem de seu produto. O sucesso no mercado masculino sempre estimulou o apetite de grupos maiores de moda.

“Sempre tive muita oferta para vender a marca e nunca quis”, diz. Hoje, os grupos de moda estão mais capitalizados com a abertura no mercado de capitais e investimentos de grupos financeiros. “Estou mais aberta a uma proposta. Pode ser uma forma de crescer preservando o legado que já construímos”, afirma a orgulhosa fundadora.

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