Oscar: a premiação, assim como o Globo de Ouro, não indicou nenhuma mulher na categoria de "melhor direção" neste ano (Foto/AFP)
AFP
Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 18h31.
Mais mulheres e membros de minorias têm aparecido nos filmes de Hollywood, mas nos bastidores o balanço da diversidade ainda apresenta poucos avanços, mostrou um estudo publicado nesta quinta-feira.
O relatório anual da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) sai três dias antes da entrega dos prêmios da Academia, muito criticado justamente pela falta de diversidade entre seus indicados.
Cynthia Erivo é a única pessoa não branca indicada nas categorias de atuação. O Relatório de Diversidade de Hollywood 2020 revela, contudo, progressos além das premiações.
Mulheres e minorias "estão a uma distância surpreendente de chegar a uma representação proporcional quando se trata de papéis principais e de divisão total", disse o coautor Darnell Hunt, da divisão de Ciências Sociais da UCLA.
As mulheres tiveram 44,1% dos papéis protagonistas no ano passado, quando representam mais ou menos metade da população dos Estados Unidos.
As pessoas não brancas (negros, latinos, asiáticos), que representam 40% da população americana, receberam 27,6% dos papéis principais.
Mas as estatísticas sobre a escassez de diversidade nos postos de direção, edição e cargos executivos mostram "uma história muito diferente", o que sugere que o progresso de Hollywood se limitou aos papéis em frente às câmeras.
O mais surpreendente é que 93% de todos os cargos executivos de alto nível são ocupados por pessoas brancas, e 80% são homens.
Embora o Oscar e os Globos de Ouro tenham sido duramente criticados por não terem indicado sequer uma mulher diretora neste ano, o relatório mostra problemas mais amplos em toda a indústria.
Apenas 15,1% dos filmes foram dirigidos por uma mulher - o que, contudo, representa uma melhora em relação ao 7,1% de 2018.
"Isto lança uma pergunta: realmente estamos vendo uma mudança sistemática, ou Hollywood está apenas atraindo diversas audiências através dos 'castings', sem alterar fundamentalmente a forma como os estúdios fazem negócios por trás da câmera?", questionou Hunt.
O relatório oferece uma possível explicação para o crescimento dos papéis de atuação para as minorias: o lucro - que claramente interessa os executivos.
Em 2019, os filmes com melhor desepenho na bilheteria tinham entre 41% e 50% do elenco de minorias.