Aparelho mede pressão arterial de paciente: maior parte dos pacientes diagnosticados como hipertensos desenvolvem a doença em função da sua genética (Marcos Santos/USP IMagens)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2013 às 10h46.
São Paulo - Assintomática e silenciosa, a hipertensão atinge mais de 40 milhões de brasileiros na fase adulta da vida, o que corresponde a 30% desse grupo, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças graves, como cardiopatias e problemas neurológicos, a hipertensão precisa de controle e acompanhamento para que o paciente tenha uma boa qualidade de vida.
De acordo com o cardiologista Everton Dombeck, do Hospital Cardiológico Costantini, a maior parte dos pacientes diagnosticados como hipertensos desenvolvem a doença em função da sua genética.
“Os chamados hipertensos essenciais são aquelas pessoas que tem histórico de pressão alta na família e apresentam genes que levam a essa alteração. Entretanto, a doença não é igual em todos e por isso requer atenção e um diagnóstico correto”, explica.
Diante de uma avaliação que indica um caso de pressão arterial elevada - diagnosticada através das aferições de pressão, em dias alternados, em que o paciente apresenta o resultado acima de 14X9 – é preciso buscar identificar quais os motivos que causam as alterações.
“Há casos, por exemplo, que o paciente tem uma hipersensibilidade ao sódio, e por isso devem buscar cortar a ingestão dessa substância. No entanto, outras pessoas, também com diagnóstico de hipertensão, são menos sensíveis a variação de sódio no organismo”, comenta o cardiologista.
Nestes casos, o mais importante é buscar entender como a doença funciona em cada paciente e seguir as orientações do médico. “Isso não quer dizer que o consumo dessa substância deve ser feita sem controle. O consumo elevado é prejudicial e hoje muitos produtos contêm altas concentrações sódio, por isso é preciso prestar atenção nos rótulos e balancear”, explica Dombeck.
A alteração nos níveis de pressão também se desenvolve por outros distúrbios no indivíduo, como a síndrome metabólica. “Neste caso, a obesidade leva à diabetes, o que abre portas ao alto colesterol e todos esses pontos juntos levam a hipertensão”, sinaliza Dombeck.
Outra situação apontada pelo cardiologista é a convergência de fatores como sedentarismo, IMC (Índice de Massa Corpórea) alto, circunferência abdominal fora dos padrões e com intolerância à glicose. “Indivíduos com esse perfil têm 30% mais chance de apresentar alteração na pressão”, afirma.
Lesões da hipertensão
Com a característica de ser uma doença silenciosa, a falta de acompanhamento da hipertensão pode trazer comprometimentos sérios ao corpo. “Dos pacientes novos que chegam aos consultórios, cerca de 30% já são hipertensos e não sabem”, afirma Dombeck. Essa demora no diagnóstico pode abrir portas para o desenvolvimento de lesões em diversos órgãos do corpo, como coração, rins e o cérebro.
Algumas lesões causadas pela pressão arterial desregulada podem levar para problemas mais sérios, como as lesões renais, abrindo portas para a insuficiência dos rins. Outra preocupação dos médicos é quanto a problemas na retina e lesões de fundo de olho, decorrentes da hipertensão.
“Problemas de déficit de memória também podem ser resultado da pressão arterial desregulada, pois causa microlesões no cérebro, a chamada doença microangiopática, que vai destruindo pequenos vasos e é um primeiro passo para a ocorrência do AVC”, comenta o cardiologista.