Stuart Farrell, diretor das operações da Harley-Davidson no Japão, em uma motocicleta Tri Glide, em Tóquio (Noriyuki Aida/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 16h39.
Tóquio - A Harley-Davidson teve uma ideia sobre o que pensa ser um rico tesouro de demanda não atendida no Japão: motoristas sobre quatro rodas que não podem dirigir veículos de duas rodas.
Para dar a eles uma mostra do que a fabricante americana de motos tem para oferecer, a Harley-Davidson está produzindo o Tri Glide de três rodas no Japão, seu maior mercado fora da América do Norte. A empresa com sede em Milwaukee começou a vender os triciclos no Japão neste mês com preços a partir de 4 milhões de ienes (US$ 39.000).
“É um caminho relativamente fácil para a Harley-Davidson”, disse Stuart Farrell, diretor das operações da empresa no Japão, em 24 de fevereiro, em entrevista em Tóquio. “Você pode estacioná-lo ao lado de um belo carro e as pessoas ainda vão olhar”.
No Japão, os triciclos são classificados como automóveis, como um Toyota Corolla, o que significa que qualquer pessoa com carteira de motorista pode dirigir o Tri Glide sem uma licença para motos. Os condutores de triciclos também não precisam usar capacete e podem trafegar em rodovias, segundo a Agência Nacional de Polícia.
O foco nos motoristas de carros abre para a Harley-Davidson um mercado potencial de 80 milhões de consumidores, contra os 5 milhões de titulares de licenças de motos, disse Farrell. A empresa também planeja lançar no Japão o menor de seus modelos de duas rodas, a Street, disse ele, sem revelar o preço.
A Harley-Davidson está se expandindo fora da América do Norte e reduzindo sua dependência dos consumidores americanos, que ainda compram mais da metade de sua produção global. A fabricante das estradeiras Fat Boy e Road King começará a produzir a Street na Índia neste ano para atender jovens da cidade em busca de um veículo ágil.
Chamando a atenção
A resposta ao Tri Glide no Japão tem sido encorajadora até o momento, disse Yuji Kurihara, 34, que administra uma concessionária da Harley em Tóquio. Ele recebeu mais de 50 consultas pelo triciclo um mês depois que o modelo foi lançado, disse ele.
“Está chamando muita atenção e de pessoas que nunca subiram em uma moto antes e que não têm licença para conduzir motos”, disse Kurihara. “São pessoas que conheciam e ansiavam por uma experiência Harley há muito tempo”.
No Japão, a base principal de clientes da empresa é de homens com idade entre 35 e 54 anos, embora os jovens estejam comprando cada vez mais motos Harley, segundo Farrell.
As vendas da Harley-Davidson no Japão subiram 1 por cento no ano passado, para 10.642 unidades, o terceiro incremento anual, segundo a empresa. As vendas de veículos de duas rodas na indústria como um todo caíram todos os anos entre 1986 e 2012, segundo os dados mais recentes da Associação de Fabricantes de Automóveis do Japão.