Carro alegórico da Beija-Flor de Nilópolis: escola de samba carioca levou o troféu de campeã de 2015 depois de homenagear a Guiné Equatorial (Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 12h28.
Rio - O governo da Guiné Equatorial divulgou na manhã desta quinta-feira, 19, um comunicado assinado pelo ministro da Informação, Teobaldo Nchaso Matomba, informando que Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente do país, não veio ao Rio de Janeiro para assistir ao desfile da Beija-Flor, realizado na segunda-feira de carnaval, 16.
O presidente, segundo o texto, encontrava-se nesse dia em viagem de trabalho à República de Camarões, para participar da Reunião Extraordinária de Segurança do Comunidade Econômica dos Estados da África Central.
O encontro tinha como objetivo pensar soluções conjuntas para conter o Boko Haram, organização extremista islâmica.
O texto diz que "a iniciativa da homenagem não partiu do governo da Guiné Equatorial, nem da presidência. Trata-se de uma iniciativa que surgiu das empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial, conjuntamente com a escola Beija-Flor".
Não informa quais empresas, mas integrantes da agremiação já mencionaram a Queiroz Galvão, a Andrade Gutierrez, a ARG e a Odebrecht, entre outras.
O único aporte foi de informação sobre o país, além do envio de bailarinos do Balé Nacional da Guiné Equatorial, que participou do desfile. Ou seja, o país nega ter ajudado a escola de samba com R$ 10 milhões, como foi divulgado pela imprensa brasileira.
O texto critica quem "se interessa em manter este estereótipo colonial da África, de pandemias e guerras, incapaz de resolver seus problemas, necessitada de ajuda para sua subsistência e corrupta", e menciona em especial o jornal norte-americano The Wall Street Journal e a agência de notícias norte-americana Associated Press, que divulgaram uma fotografia do vice-ministro de governo, José Mba Obama, como sendo do presidente.
O comunicado felicita a Beija-Flor pela vitória e o governo brasileiro pela realização do carnaval.
A apresentação foi acompanhada pelo vice-presidente Teodoro Nguema Obiang Mangue, que é filho do presidente, de um camarote, e por outros membros do governo, segundo a representação diplomática da Guiné Equatorial no Brasil.
"Estão fazendo muita confusão. Tiraram uma foto do vice-ministro, que realmente é um pouco parecido com o presidente, e disseram que era ele. O presidente não veio porque estava sem agenda", disse ao jornal O Estado de S.Paulo Maria Catta-Preta, secretária do embaixador, Benigno-Pedro Matute Tang.
"Temos todo o interesse de passar as informações corretas. A homenagem da Beija-Flor foi um sucesso."
Nesta quarta-feira, 18, o vice-presidente decolou da base aérea do Galeão, na zona norte do Rio, rumo à Europa, disse Maria. Ela não soube informar se ele retornará para o desfile das campeãs, neste sábado, 21, que será fechado pela Beija-Flor.
A secretária ficou muito contente com a vitória da escola, mas não chegou a ir à quadra, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, para parabenizar seus integrantes.
O embaixador esteve lá, com a ministra da Cultura e Turismo, Guillermina Mekuy Mba Obono, que desfilou, outros membros do governo e bailarinos.