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Guia para conhecer Londres de A a Z

Saiba como aproveitar o melhor da maravilhosa sede das Olimpíadas de 2012

Relógio do Big Ben, em Londres na Inglaterra (Christopher Furlong/Getty Images)

Relógio do Big Ben, em Londres na Inglaterra (Christopher Furlong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2012 às 12h06.

A é de Abbey Road, a já mítica rua da capa do disco dos Beatles. A zebra que os quatro atravessaram na clássica imagem foi tombada como um patrimônio histórico de Londres. Todos os dias e todas as horas há turistas repetindo as passadas de John, Paul, George e Ringo em Abbey Road.

Beatlemaníacos de todas as partes não apenas tiram fotos como rabiscam em múltiplas línguas declarações de amor no muro do estúdio em que eles gravaram quase toda a sua obra, nos anos 1960. Regularmente, o muro é pintado de branco — mais para abrir espaço para novas manifestações de paixão do que exatamente por motivos de limpeza.

B é das Boris Bikes, as bicicletas públicas espalhadas pelo centro. O nome deriva do homem que as colocou nas ruas: o prefeito Boris Johnson. São fáceis de usar: você pega num lugar, paga o aluguel ali mesmo e depois pode devolver em qualquer outro ponto que concentre as Boris Bikes. Passeios pelos magníficos parques de Londres — como o Hyde, o Regent ou o Green — são especialmente recomendáveis.

C é de Charles Dickens, o grande escritor inglês. Dickens retratou a Londres vitoriana, com seu portentoso progresso e espantosa iniquidade social. Nos 200 anos de seu nascimento, o Museu de Londres preparou uma exposição que o homenageia. Nela você vê até a mesa em que ele, caneta nas mãos, escreveu sua obra magistral e longa — cuja marca maior foi a simpatia irrestrita pelos pobres e a antipatia igualmente irrestrita pelos poderosos.

D é de Double Decker, o ônibus duplo vermelho de Londres. Pegar um ao acaso, subir ao segundo andar, ir até o ponto final e voltar é uma forma de turismo enriquecedora e barata. A cada ponto, uma voz automática informa o lugar em que o ônibus está. Para pagar, saque seu Oyster — o cartão pré-pago que vale para o metrô.

E é de Empire, o cassino londrino que fica na Leicester (Léster, como se pronuncia) Square, uma das raras ruas verdadeiramente boêmias da cidade. O Empire permite a você ver o avanço da China: todos os avisos têm uma versão em mandarim. E algumas mesas de jogo são compostas unicamente por chineses dispostos a apostar.

F é de futebol. Os ingleses inventaram o jogo e são tão apaixonados por ele quanto os brasileiros. Você vai se espantar com as impecáveis lojas dos estádios, com sua rica variedade de produtos do clube. Stamford Bridge, o campo do Chelsea, atual campeão europeu, é um playground para fãs do futebol.

Nas Olimpíadas, a revista Placar está montando seu quartel-general. A Vila Placar receberá atletas, publicitários e celebridades, bem como o vencedor do concurso cultural “Sou Brasil em Londres”. Tudo no bar Living Room, que aparece na capa do clássico Ziggy Stardust, de David Bowie.


G é de Globe, o teatro que reproduz uma casa de espetáculos tal como era na época de Shakespeare, há 400 anos — uma arena rústica. A programação, naturalmente, é shakesperiana. E original: em 2012, inspirado na confraternização dos povos representada pelas Olimpíadas, o Globe está passando, entre abril e agosto, 37 peças de Shakespeare montadas por companhias de 37 diferentes países em 37 idiomas. Ao Brasil, coube uma montagem de Romeu e Julieta — a primeira e provavelmente última vez em que o português será a língua do teatro do bardo inglês.

H é de Hampestead Heath, o magnífico parque rústico em cujo topo você tem a vista mais abrangente de Londres. Tire o maior número possível de fotos ali. É uma área sagrada para os londoners. Guarde um pouco de fôlego, se puder, para depois dar um pulo a um cemitério ali perto, o Highgate. Mortos ilustres estão lá, entre eles Karl Marx, em cujo túmulo você encontra uma estátua imponente ao pé da qual visitantes de várias partes depositam até hoje mensagens manuscritas de admiração e gratidão.

I é de iPlayer, o site que abriga a programação da BBC. Você só pode usá-lo enquanto está na Grã-Bretanha. Aproveite. Documentários, seriados, programas cômicos e jornalísticos têm uma qualidade como você jamais viu e provavelmente jamais verá no Brasil.

No iPlayer, você tem o recurso das legendas em inglês, para facilitar ainda mais. O conteúdo vai sendo automaticamente renovado. Em geral, há uma semana para ver qualquer programa antes que ele saia do iPlayer. Acompanhar no iPlayer a cobertura da BBC das Olimpíadas é fortemente recomendado.

J é pelo Jubileu da Rainha Elizabeth. São 60 anos de trono, e os ingleses estão festejando tão entusiasmadamente que apareceu até uma proposta de dar um novo iate a ela no valor aproximado de 130 milhões de reais.

Tamanha generosidade acabou por gerar um debate acalorado sobre o sentido de um presente tão caro num momento em que a Inglaterra enfrenta uma crise econômica aguda. Mas rapidamente o governo descartou a hipótese de usar dinheiro do contribuinte, o que dissipou a controvérsia.

K é de Kate. Kate Middletton, a Duquesa de Cambridge — a bonita, desejável, plebeiamente irresistível mulher do Príncipe William. Você pode abraçar e tirar fotos com Kate: basta ir ao museu de cera Madame Tussauds. Recentemente, o casal Kate e William foi acrescentado ao acervo de estátuas do Tussauds.

Como resultado, o movimento se ampliou consideravelmente no museu. Os visitantes costumam se aglomerar em torno de Kate, e deixam o marido à parte. A melhor forma de visitar o Tussauds — e apreciar a beleza suave de Kate — é comprando ingressos pela internet. Mais prático e também mais barato.

L é pela centenária Ladbrooks, a maior casa de apostas da cidade — e também do mundo. O londrino é tão fanático por apostas quanto pelo chá das 5. Você encontra lojas de apostas em virtualmente qualquer lugar por onde ande por aqui. Entrar numa delas — não se paga nada — é uma experiência interessante. Você pode ver apostadores ansiosos em frente de uma televisão na qual cachorros disputam uma corrida acirrada.


M é de Millais, maior pintor da escola pré-rafaelita — que renovou a arte inglesa no século 19, a exemplo dos impressionistas na França. Millais fez a obra-prima do movimento: a Ofélia de Shakespeare, morta afogada num lago. Veja o quadro na Tate Britain, um dos principais museus de Londres. O bastidor é fascinante: a modelo de Millais, Elizabeth Siddal, uma ruiva deslumbrante, quase morreu de pneumonia porque a água da banheira em que posou não foi suficientemente aquecida.

N é de National Gallery, o grande museu de Londres localizado em Trafalgar Square, um dos melhores pontos para você passar uma tarde de sol. Na NG — gratuita, como todos os museus, exceto nas exposições especiais – você encontra obras de gênios como Turner, Monet, Ticiano etc.

Fora dela, pode apreciar a grandeza da estátua de Nelson, o almirante que derrotou a armada francesa em Trafalgar, selando a sorte de Napoleão. Nelson morreu em Trafalgar, atingido por um tiro francês. Teve tempo, na agonia, de saber que a batalha — antes da qual ele disse esperar que todo inglês cumprisse seu dever, uma frase das mais citadas pelos britânicos — fora vencida.

O é de One Under, ou “alguém lá embaixo”, numa tradução livre, o jargão usado entre os funcionários do metrô para se referir às pessoas que, como a Ana Karenina de Tolstoi, se atiram sob um trem para matar-se. Todos os anos, cerca de 50 pessoas se suicidam em Londres dessa forma rápida, certeira e na qual a dor não dura senão segundos.

P é de pint. Basicamente, o que você vai pedir quando for a um pub em Londres. Pint, a rigor, é uma medida: equivale a um pouco menos de 600 mililitros.

Mas a palavra acabou se consagrando pelo conteúdo — cerveja. Nos pubs de Londres você encontra as melhores cervejas do mundo. Na hipótese improvável de considerar uma pint muita coisa, existe uma alternativa mais branda. Você pode pedir half pint (metade).

Q é de Queue, a lendária fila em que você pode encontrar ingressos para o torneio de tênis de Wimbledon a preços bem abaixo dos habituais. Mais que uma fila, é uma festa: as pessoas acampam numa área reservada para barracas e passam a noite cantando, bebendo e, quando dá certo, fazendo sexo. Se você prefere dormir em casa, pode ir para a Queue na hora que quiser: o único problema é que já não vai encontrar ingresso para as quadras principais.

R é de Roseta, a pedra que é a maior atração do British Museum. Na pedra está escrito em três línguas o decreto de um rei egípcio. Isso permitiu a dois estudiosos — um francês e outro inglês — decifrar no início do século 19, separadamente, os hieróglifos, um passo enorme na história do conhecimento da humanidade.

A pedra, encontrada no Egito, foi tomada primeiro pelas tropas francesas de Napoleão. Depois, ao baterem os franceses, os ingleses se apropriaram dela. Uma réplica em tamanho gigante está na França. Para o Egito, não sobrou senão o sentimento de pilhagem.


S é de Serpentine, o lago do Hyde Park. Nele você pode fazer variadas coisas no verão: nadar, andar de pedalinho ou, simplesmente, contemplá-lo numa espreguiçadeira. Há dois restaurantes no Serpentine, que se pronuncia serpentáine, e neles você pode comer bem e barato. Se quiser se carregar de algum conteúdo artístico no Hyde, basta ir à excelente galeria Serpentine, ali mesmo dentro do parque.

T é de Tube, como os londrinos chamam o metrô — o primeiro do mundo e uma referência internacional ainda hoje, 150 anos depois da inauguração das estações iniciais. Tube é literalmente tubo, e o metrô de Londres se tornou conhecido assim pela forma dos túneis. O transporte subterrâneo foi uma ideia de um visionário chamado Charles Pearson.

Os engarrafamentos do centro de Londres em meados do século 19 levaram Pearson, um advogado, à conclusão de que a solução estava em trens que transportassem passageiros por subterrâneos da cidade. Pearson lutou anos pelo projeto, e morreu antes de vê-lo transformado em realidade, em 1862.

U é de umbrella. Não saia sem ela em Londres. Chuva aqui faz parte da paisagem.

V é de Victoria & Albert Museum. Não bastassem a beleza do prédio e a riqueza do acervo, o V&A tem uma loja em que você pode comprar coisas baratas e charmosas, de roupas e bijuterias a cartazes e livros. Recomendo um cartaz vermelho com dizeres em branco usado pelo governo na Segunda Guerra para manter alto o moral dos ingleses sob bombas alemãs. “Keep Calm and Carry On”, diz o cartaz. Fique calmo e siga em frente. Sócrates não falaria coisa mais sábia.

X é pelo incomparável xis do Byron, o melhor de Londres. Para quem pensa que não existe cheesebúrger melhor que os de São Paulo, o Byron oferece uma deliciosa — ainda que não exatamente saudável — oportunidade para fazer uma nova reflexão.

Z é de zzzzzzz. Não esqueça: Londres dorme cedo. Muito cedo. Se você quer farra na madrugada, é melhor optar por Paris

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