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'Guernica', de Picasso, completa 30 anos na Espanha

Quadro ficou fora da Espanha, terra natal do pintor, durante quase meio século, durante a ditadura do general Francisco Franco

Museu em Madri convidou historiador especialista na obra de Picasso para dar palestras sobre o quadro (AFP/AFP)

Museu em Madri convidou historiador especialista na obra de Picasso para dar palestras sobre o quadro (AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2011 às 15h42.

Madri - O prestigiado museu de arte contemporânea Reina Sofía de Madri comemora nesta semana o 30º aniversário da chegada à Espanha, após quase meio século no exílio, do "Guernica", o famoso quadro que Pablo Ruiz Picasso pintou em Paris durante a guerra civil espanhola.

Convertida em símbolo universal da crueldade da guerra, a tela em preto e branco de Picasso não pisou em solo espanhol até 1981, forçada ao exílio durante a longa ditadura do general Francisco Franco (1939-1975).

O "Guernica" tem um importante "significado não apenas do ponto de vista artístico, no qual o seu valor universal é indiscutível, mas também por seu valor simbólico contra a guerra e toda a violência", explica Rosario Peiró, Chefe de Coleções do Reina Sofía.

Pintado por Picasso em Paris em 1937 por encomenda do governo republicano espanhol, o quadro denuncia o bombardeio da cidade basca de Guernica pela aviação nazista de Adolf Hitler, aliado de Franco.

"Do ponto de vista especificamente espanhol, é um documento do que aconteceu na Espanha naquela época e sua chegada significou um novo começo de uma nova aventura democrática", lembra Peiró, responsável pelo museu que acolhe a obra desde 1992.

Para marcar este aniversário, o Reina Sofía convidou o historiador de arte britânico Timothy J. Clark, grande especialista da obra de Picasso, para dar duas palestras nos dias 23 e 24 de novembro.


Durante os anos da guerra civil espanhola (1936-1939), o "Guernica" viajou incessantemente por Europa e Estados Unidos para recolher fundos com o objetivo de ajudar na luta contra o franquismo, antes de ser confiado ao Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) no fim dos anos 1950.

Três anos antes de sua morte, em 1973, "Picasso escreve ao MoMA" pedindo "que o Guernica só seja devolvido quando as liberdades públicas na Espanha voltarem", explica Peiró.

Pouco depois da morte de Franco, em 1975, os parlamentares espanhóis realizaram os procedimentos para reivindicar sua devolução.

E em 10 de setembro de 1981, protegido por um espesso vidro blindado, o "Guernica" fez sua chegada triunfal a Madri.

No entanto, desde então o quadro não deixou de ser objeto de desejo.

O famoso quadro é protagonista há anos de uma guerra entre o museu de arte contemporânea Reina Sofía e o prestigiado museu do Prado, além de uma batalha com alguns líderes políticos do País Basco, onde encontra-se a cidade de Guernica, que também o reivindicam.

Trata-se de uma obra "emblemática e central" da coleção do Reina Sofía, e seu estado de conservação "muito delicado" impede qualquer transferência, afirmaram em março de 2010 os diretores do museu de arte contemporânea.

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