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Grande Barreira de Corais escapa da lista de patrimônio mundial em perigo

Uma decisão similar sobre a Grande Barreira de Corais já havia sido adiada em 2015; Austrália viu essa possível decisão como negativa, temendo que pudesse minar o atrativo turístico do recife

A Grande Barreira de Corais, na Austrália, é a maior estrutura viva do mundo (Reprodução/AFP)

A Grande Barreira de Corais, na Austrália, é a maior estrutura viva do mundo (Reprodução/AFP)

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GabrielJusto

Publicado em 24 de julho de 2021 às 07h00.

A Austrália evitou, nesta sexta-feira (23), que a Grande Barreira de Corais fosse classificada como patrimônio mundial "em perigo" pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apesar da preocupação com o impacto da mudança climática neste ecossistema. Em uma reunião do comitê de Patrimônio Mundial da Unesco sob a presidência chinesa, os delegados votaram a favor do adiamento de uma decisão a esse respeito, seguindo o desejo do governo australiano.

"Agradeço, sinceramente, aos estimados delegados por reconhecerem o compromisso da Austrália para proteger a Grande Barreira de Corais", disse a ministra australiana do Meio Ambiente, Sussan Ley, em um comunicado enviado ao comitê.

Em junho, esta agência cultural das Nações Unidas recomendou colocar o maior recife do mundo, uma joia do Patrimônio Mundial desde 1981, em sua lista de lugares em perigo pela deterioração dos corais em virtude do aquecimento global. Na ocasião, o diretor do programa de Patrimônio Mundial da Unesco, Tim Badman, afirmou que a Grande Barreira de Corais cumpria, de "maneira inequívoca", os critérios para ser incluída na lista de locais em perigo.

"Apesar dos grandes esforços feitos pelo Estado-membro, tanto o atual 'status' de valor universal excepcional da Grande Barreira de Corais quanto a perspectiva de uma futura recuperação se deterioraram de maneira significativa", completou.

Janela de recuperação

A ministra Sussan Ley viajou para Paris, onde fica a sede da Unesco, para fazer campanha junto aos Estados-membros do comitê. A Austrália chegou a convidar embaixadores para a prática de mergulho no Grande Barreira. Além disso, o Instituto Australiano de Ciência Marinha (AIMS) garantiu que os corais se encontram em "uma janela de recuperação", após uma década de deterioração pelas altas temperaturas da água e pelos ciclones.

Uma decisão similar sobre a Grande Barreira de Corais já havia sido adiada em 2015. À época, a Austrália também fez uma forte campanha e se comprometeu a investir milhões de dólares para proteger essa maravilha da natureza.

A inclusão na lista de sítios "em perigo" não é considerada uma sanção por parte da Unesco. Alguns países veem isso como uma forma de sensibilizar a comunidade internacional e ajudar a proteger seu patrimônio. Já a Austrália viu essa possível decisão como negativa, temendo que pudesse minar o atrativo turístico deste recife, que se estende por 2.300 km e gera US$ 4,8 bilhões em receita para este setor no país.

O governo australiano enfrenta crescentes críticas internacionais por sua recusa a se comprometer com a meta de zero emissão dos gases causadores do efeito estufa até 2050. O primeiro-ministro conservador Scott Morrison alega que espera cumprir este objetivo "logo que for possível", sem prejudicar a economia do país, fortemente dependente dos hidrocarbonetos.

Os Estados-membros do Comitê do Patrimônio Mundial, incluindo China, Rússia e Arábia Saudita, concordaram que a Austrália deveria ter mais tempo para informar seus esforços para proteger a Grande Barreira de Corais. Os delegados também pediram à Unesco que enviasse uma missão de monitoramento para inspecionar o local, depois que a Austrália criticou a agência da ONU por confiar em relatórios existentes para fazer sua recomendação.

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