Golpista do Tinder: na série da Netflix, um homem com extensa ficha criminal dá golpe em mulheres que estão no aplicativo. (Reprodução/Netflix)
Matheus Doliveira
Publicado em 10 de fevereiro de 2022 às 09h00.
Se você ainda não assistiu, certamente conhece alguém que já viu. "Golpista do Tinder", a nova febre da Netflix, mostra os feitos de um estelionatário que usa o aplicativo de relacionamento para fisgar suas vítimas e pedir empréstimos de milhares de euros. No documentário, as mulheres que caem nos golpes são todas europeias, especialmente nórdicas. Mas e se fosse no Brasil, o golpista do Tinder teria alguma chance?
Uma pesquisa divulgada nesta semana pela empresa de cibersegurança NortonLifeLock mostra que a maioria dos brasileiros que usam aplicativos de relacionamento utilizam várias ferramentas para checar seus potenciais pares românticos logo após dar o famoso match.
O estudo online, conduzido pelo The Harris Poll em parceria com a Norton, analisou os hábitos de 1000 brasileiros de 18 anos ou mais. Foi detectado que 73% dos entrevistados admitem ter pesquisado sobre o par, mais comumente procurando por seu perfil em redes sociais (52%), ou buscando seu nome em sites de busca (27%) como o Google.
26% dos entrevistados também costumam checar os perfis de amigos e familiares do match e 25% afirmam ter olhado também redes sociais profissionais. Outro dado que chama atenção é que 7% das pessoas afirmam já ter pagado alguém para realizar uma "checagem de antecedentes" do potencial parceiro.
“É normal que a maioria das pessoas faça alguma forma de verificação antes de conhecer alguém pela primeira vez após o match nos aplicativos. Mas dados pessoais atualizados constantemente nas plataformas tornam as pessoas vulneráveis caso caiam em mãos erradas”, adverte Kevin Roundy, diretor técnico da NortonLifeLock.
A pesquisa também apurou que mais da metade dos brasileiros (54%) que está ou já esteve em um relacionamento amoroso admite que já investigou as redes de seus companheiros sem seu conhecimento ou consentimento. As formas mais comuns de investigação são checar o celular do parceiro à procura de mensagens, chamadas, e-mails e fotos (27%) e olhar o histórico de busca nos aparelhos eletrônicos do parceiro (24%).
14% dos entrevistados que estão ou já estiveram em um relacionamento amoroso também afirmam já ter criado perfis falsos para olhar as redes sociais do parceiro; 11% admite ter usado a senha do companheiro para acessar suas redes sociais sem consentimento e até mesmo rastreado a localização do parceiro usando apps específicos (11%). Cerca de 8% das pessoas admite usar ou já ter usado "Stalkerware" ou "Creepware" (apps feitos especificamente para monitorar, em segredo, as mensagens, chamadas e emails de outra pessoa).
Entre aqueles que investigaram parceiros, cerca de 38% dizem que o fizeram porque acreditavam que o parceiro estava escondendo algo ou fazendo algo errado. Quase um terço das pessoas queria descobrir com quem seus parceiros estavam (29%) ou o que estavam fazendo (27%). Cerca de 18% afirmam ter descoberto que o parceiro o estava investigando e decidiu fazer a mesma coisa.
Mais da metade dos adultos brasileiros que usaram um aplicativo ou site de namoro (59%) dizem que cancelaram o match depois de descobrir novas informações sobre a pessoa, geralmente mentiras sobre seus dados pessoais como idade, altura, localização, entre outros (31%), ou depois de encontrar fotos online que não se alinhavam com seu perfil antes visto no site ou app (21%).
Os mais inclinados a stalkear o match são os mais jovens: 28% do público com idade entre 18 e 39 anos têm esse hábito, frente a 21% das pessoas com mais de 40 anos.